Francisco se encontra com Benigni: “A vida é bela”

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12 Dezembro 2022

As portas se escancaram, e na salinha de espera da Sala Paulo VI, no Vaticano, o papa e Roberto Benigni se encontram face a face, sorridentes. “Um abraço forte!”, exclama o ator, e o gesto entre os dois é caloroso. O prêmio Oscar leva ao pontífice um box com “Francesco. Il cantico”, o espetáculo disponível em streaming exclusivamente no Paramount+.

A reportagem é de Domenico Agasso, publicada em La Stampa, 08-12-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Francisco... – pontua o protagonista de “A vida é bela” – é o momento mais bonito... mais alegre... mais reluzente... Vejam a luz que ele emana”, afirma ele, referindo-se ao bispo de Roma.

“Não exagere... não exagere”, responde Jorge Mario Bergoglio alegremente, segurando suas mãos.

“Como não exagerar? Eu tenho que exagerar! Obrigado, estou feliz e honrado de estar aqui”, insiste o comediante com seu estilo inconfundível e envolvente. O papa lhe agradece e lhe diz que a visita o “honra”.

O artista transmite ao pontífice as afetuosas saudações da esposa, Nicoletta: “Vocês já se conheceram... Ela me disse: ‘Lembre-se de abraçá-lo. Lembre-se de dizer a Sua Santidade todo o meu amor’”. “Obrigado!”

Benigni estava acompanhado pelo produtor de televisão Lucio Presta. Eles se sentam à escrivaninha do papa. O ator toscano entrega a caixa branca e pede “perdão pela falta de humildade, mas sou justamente eu que faço um espetáculo sobre Francisco, São Francisco”.

A atualidade da figura “revolucionária” do Santo de Assis está no centro do novo especial que Benigni dedica à interpretação do Cântico das Criaturas. E pronuncia a palavra “‘espetáculo’ porque a vida de São Francisco é um espetáculo, o senhor sabe muito bem disso, é jesuíta, mas se chama Francisco”.

“É um grande, São Francisco”, confirma o papa, “imitou Jesus como ninguém”.

Benigni acrescenta: “Casou-se com a pobreza, que era a viúva de Jesus Cristo”.

Nos últimos dias, Benigni, falando do Cântico, evidenciou o “encanto” de São Francisco: “Ele nos faz entender que não existe na terra criaturas sem alma, ele nos faz sentir que a relva, a terra, a água, o vento, as pedras e as rochas também têm uma alma. Um convite para participar da nobreza do mundo”.

No momento da despedida, ele segurava debaixo do braço uma cópia do livro sobre a Statio Orbis na Praça de São Pedro em 27 de março de 2020, em tempos de pandemia, editado pela Livraria Editora Vaticana: é o presente do papa, junto com a medalha do pontificado.

Bergoglio e Benigni haviam “colaborado” na Páscoa do ano passado, quando o pontífice apresentou “Volti dei Vangeli” [Rostos dos Evangelhos], um programa realizado pelo Dicastério para a Comunicação com a Rai Cultura, em colaboração com a Biblioteca Apostólica Vaticana e os Museus Vaticanos, no qual o ator e diretor ilustrava o Evangelho.

O Pe. Enzo Fortunato, escritor e colunista, um dos rostos mais conhecidos – também no mundo televisivo – do franciscanismo, reflete sobre a estreia em streaming do “‘bobo da corte de São Francisco’, como eu gostaria de chamar Benigni: estou certo de que não decepcionará as expectativas não só do mundo franciscano e da Igreja, mas também de todos aqueles que olham para um santo universal”.

O encontro entre “Benigni e o Papa Francisco – continua o Pe. Fortunato – já é uma síntese nas afirmações que eles se trocaram: ‘Imitou Jesus’, por um lado; por outro, o ator, ao dizer que ele ‘casou-se com a pobreza’. Daí – acrescenta – derivam com razão todas as diversas interpretações sobre o comentário ao Cântico das Criaturas: o maior influenciador da história, o primeiro ecologista, o primeiro poeta, o primeiro revolucionário, o primeiro a nos dizer que um novo mundo é possível. E hoje esse é o caminho a percorrer, mais atual do que nunca, para quem deseja a paz. Espero que Putin e Zelensky possam vê-lo e eu os convido a assistir”.

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