01 Dezembro 2022
"Tomás, seu testemunho, sua profecia, sua esperança e sua memória continuam hoje na vida de tantos irmãos e irmãs nossos do campo e da cidade", escreve Frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção, SP) e professor aposentado de Filosofia (UFG).
Sessão solene em homenagem a Dom Tomás Balduino, na abertura do centenário de seu nascimento.
Neste ato, represento a Província dos Frades Dominicanos Frei Bartolomeu de Las Casas do Brasil. Tomás era frade dominicano.
Antes de tudo:
Na minha breve mensagem destaco - entre outras - quatro qualidades que marcaram a história de vida de Tomás (já destacadas em dezembro de 2012, por ocasião de seus 90 anos de idade, no artigo “Dom Tomás, pastor - profeta do nosso tempo”).
Destaco também - sempre entre outras - três causas que Tomás defendeu (já destacadas em maio de 2017, fazendo a memória dos primeiros três anos da Páscoa definitiva de Tomás, no artigo “Dom Tomás, sua luta continua”).
As 4 qualidades de Tomás:
As 3 causas de Tomás:
A respeito da primeira causa - a Igreja Renovada e Libertadora - Tomás, à luz do Concílio Ecumênico Vaticano II e da Conferência de Medellín, sonhou com uma Igreja renovada, libertadora e realmente evangélica; com uma Igreja Povo de Deus e toda ministerial; com uma Igreja Comunhão; com uma Igreja pobre, para os pobres, com os pobres e dos pobres: o jeito de ser Igreja das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que é hoje o jeito de ser Igreja das primeiras Comunidades Cristãs.
A respeito da segunda causa - a Reforma Agrária Popular - Tomás sempre foi solidário e deu total apoio aos trabalhadores e trabalhadoras que lutavam pelo direito à terra - terra de trabalho e terra de moradia - e pelo direito a uma agricultura familiar e comunitária agroecológica.
A respeito da terceira causa - os Povos Indígenas - Tomás sempre lutou pela demarcação das terras dos Povos Indígenas, pela valorização de sua cultura, de suas tradições e do seu jeito comunitário de viver, que é a sociedade do “bem-viver” e “bem-conviver”, sinal concreto do Reino de Deus.
Concluindo, Tomás foi um homem profundamente humano e evangélico, que doou sua vida a serviço dos Pobres, da Justiça e dos Direitos Humanos. Sua atuação marcou profundamente a Diocese de Goiás e todos os lugares por onde ele passou.
Tomás foi personagem fundamental no processo de criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. Nas duas Instituições, Tomás sempre teve atuação destacada, tendo sido presidente do CIMI, de 1980 a 1984 e presidente da CPT de 1999 a 2005. A Assembleia Geral da CPT, em 2005, o nomeou Conselheiro Permanente.
Lutar por um mundo mais justo, mais igualitário, mais humano e mais fraterno, significa lutar pelo Reino de Deus, que é o Projeto de vida de Jesus de Nazaré, que é a missão da Igreja. Pelo seu testemunho de vida, a Igreja deve ser no mundo sinal visível do Reino de Deus.
Tomás, seu testemunho, sua profecia, sua esperança e sua memória continuam hoje na vida de tantos irmãos e irmãs nossos do campo e da cidade. Repetimos com você, Tomás: “Direitos humanos não se pedem de joelhos, exigem-se de pé”.
Tomás, presente! Sua luta, é nossa luta!
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