10 Novembro 2022
Nas sínteses da fase diocesana do itinerário sinodal recorre com insistência o convite a propor e promover as celebrações da Palavra. Das maiores Igrejas europeias chega uma afirmação clara da centralidade da palavra de Deus: "Cada vez que nos reunimos em torno da palavra de Deus e tentamos entender juntos, isso cria uma comunidade de Igreja, mesmo que sejam pessoas que nunca vêm na Missa. [...] Provavelmente uma base da Igreja são as pessoas que se reúnem para ler a palavra de Deus” (França). “A palavra de Deus é reconhecida como a chave para retornar a ser credíveis e há um forte desejo de seu conhecimento mais profundo através de modalidades como a Lectio divina, a Liturgia da Palavra, a formação bíblica” (Itália).
O artigo é de Goffredo Boselli, liturgista italiano, monge da Comunidade de Bose, na Itália, e colaborador da Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Episcopal Italiana, publicado por Vita Pastorale, de novembro de 2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Da afirmação da centralidade da palavra de Deus deriva, como consequência natural, a exigência de uma maior "diversificação das liturgias em benefício das celebrações da Palavra, de tempos de oração que atribuam um lugar central à meditação das Escrituras" (França). O mesmo pedido pode ser lido na síntese das dioceses da Bélgica: “Há um real desejo de liturgias adaptadas, vivas, acolhedoras, melhor preparadas, melhor presididas, onde cada um encontre o seu lugar e se sinta envolvido. [...] Não se trata apenas de liturgias eucarísticas, mas é preciso ter a coragem de se abrir a diferentes formas de celebrações e momentos comunitários”. As igrejas na Suíça afirmam: "A diversidade das celebrações litúrgicas e de formas espirituais deve ser incentivada para alcançar pessoas diferentes".
Ainda na síntese francesa, lemos: “As celebrações da Palavra poderiam ser propostas com mais frequência na paróquia. De fato, permitem reunir mais amplamente todas as pessoas, independentemente do acesso ao sacramento da Eucaristia: são realmente um lugar de unidade. Mais especificamente, oferecem aos leigos – homens e mulheres – comentar as Escrituras e a forma de oração pode ser mais livre e espontânea”.
A proposta de uma maior diversificação das formas de celebração é o claro pedido de sair do monopólio da celebração eucarística. Nas sínteses, o pedido de ampliação das celebrações da Palavra traz consigo a proposta de pregação por parte dos leigos, homens e mulheres. As Igrejas na Alemanha assim se expressam: “Essas formas de serviço permitem uma participação mais ativa (no que diz respeito à Eucaristia percebida como centrada no sacerdote). Além disso, permitem trazer o carisma das mulheres, por exemplo, na proclamação e na interpretação das Sagradas Escrituras. Essas celebrações litúrgicas devem ser ampliadas porque mantêm viva a vida de culto nos lugares onde já não é mais possível a presença de um sacerdote”.
Das principais Igrejas europeias, eis a indicação de alguns caminhos a seguir para uma renovação da liturgia e sua real eficácia na vida dos crentes.
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Celebrar a Palavra. Artigo de Goffredo Boselli - Instituto Humanitas Unisinos - IHU