03 Novembro 2022
"Contava com a impunidade de campeão! Mas, como anunciou o massagista: 'Acabou!'", escreve Edelberto Behs, jornalista.
O jogo era decisivo. Final de campeonato. O Platunense (PL) perdera o jogo de ida no campo do adversário. Agora, era tudo ou nada para botar a mão na taça.
A pelota rolou 87 minutos e o placar estava fechado. Mas aos 88 minutos, numa escapada pela esquerda o ponteiro lança uma bola na medida aos pés do capitão do time UniãoDC (UD), que, de fora da área dá um canhonaço no canto esquerdo da meta. O goleiro não tem qualquer chance de sequer espalmá-la para escanteio. Goooool!!!
Gol legítimo, mas a torcida grita: “foi impedimento, foi impedimento”. Exige que o juiz recorra ao VAR. O juiz, sem titubear, confirma o gol. Bola ao centro. Mais 5 minutos de jogo e começa a festa do UniãoDC.
A torcida da casa, inconformada, e ainda alegando impedimento, invade o campo. O técnico, de cara amarrada, não faz qualquer gesto para impedir a invasão da torcida, o que pode resultar na queda do clube para a série B do campeonato. A polícia, que estava na beira do gramado para garantir a segurança, nada faz. Só olha.
A confusão está armada. O comando técnico e jogadores do PL se retiram, vão para o vestiário, enquanto a torcida comenta, sem qualquer base em fatos: “jogo roubado!”
Hora e meia depois, para a tradicional coletiva de imprensa, o técnico do PL, atrasado, agradece a presença da torcida e se retira. Uma fala rápida. O massagista toma o seu lugar e reconhece: “Acabou para nós!”
O UniãoDC é sagrado campeão, apesar da grana investida pelo adversário para subornar quem fosse necessário na busca do campeonato; apesar de abrir os portões, gratuitamente, para a sua torcida; apesar de fechar as entradas da cidade impedindo, assim, que os ônibus que transportavam torcedores do UD não pudessem chegar até o estádio.
A torcida enfurecida quebrou arquibancadas, pisoteou o gramado deixando valas profundas, rasgou redes, derrubou goleiras, cortou a energia elétrica, fez aquele estrago, gerando grande prejuízo ao próprio clube. Na justiça desportiva tramitam denúncias de compra de atletas adversários para amolecer o jogo. O técnico, autoritário, está na berlinda porque em diversos momentos agrediu verbalmente adversários, repórteres, de modo especial as profissionais mulheres, xingou juízes...
Contava com a impunidade de campeão! Mas, como anunciou o massagista: “Acabou!”
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“Acabou” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU