24 Outubro 2022
"O lixo eletrônico é um problema ao qual governos, empresas e a população em geral deveriam dedicar muita atenção, pois ele tende a crescer, de forma cada vez mais acelerada", escreve Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
O WEEE Forum, entidade internacional que discute os problemas gerados pelo lixo eletrônico, estima que neste ano 5,3 bilhões de celulares serão substituídos por aparelhos mais modernos.
A esses telefones, irão somar-se outros equipamentos, de tablets a computadores e de torradeiras a geladeiras, gerando uma enorme quantidade de lixo que precisará ser adequadamente reciclado ou descartado – em 2030 já serão 74 milhões de toneladas por ano.
Atualmente, pouco mais de 17% do lixo eletrônico do mundo é devidamente reciclado, mas a União Internacional de Telecomunicações, órgão das Nações Unidas, estabeleceu como meta chegar a 30% até 2023, pois esse é um dos fluxos de resíduos mais complexos e de mais rápido crescimento, que afeta tanto a saúde humana quanto o meio ambiente, pois contém substâncias nocivas.
No caso específico dos celulares, há um aspecto importante a ser considerado: além dos equipamentos simplesmente jogados no lixo, muitas pessoas mantêm guardados telefones antigos; consta que na Europa, para cada celular em uso, há um antigo guardado em casa.
A não reciclagem desses aparelhos exige que continuem sendo mineradas matérias primas como cobre, cobalto e metais preciosos a serem utilizadas em novos equipamentos; esse processo de mineração também agride o meio ambiente.
No Reino Unido, a Royal Society of Chemistry lançou uma campanha promovendo o que chamou de mineração de lixo eletrônico, visando reaproveitar essas matérias primas – o slogan da campanha é “Mine e-waste, not the Earth”, ou “Minere o lixo eletrônico, não a Terra”.
No Brasil temos observado iniciativas muito tímidas de coleta de lixo eletrônico, lembrando que entre nós, se a proporção for semelhante à da Europa, devemos ter mais de 200 milhões de celulares abandonados em nossas casas.
Esse é um problema ao qual governos, empresas e a população em geral deveriam dedicar muita atenção, pois ele tende a crescer, de forma cada vez mais acelerada.
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Lixo eletrônico, um problema cada vez maior. Artigo de Vivaldo José Breternitz - Instituto Humanitas Unisinos - IHU