Padre é suspenso por apoiar pessoas LGBT+. Carta aberta da associação La Tenda di Gionata

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08 Outubro 2022

 

Publicamos aqui a carta aberta do Conselho Diretor da associação La Tenda di Gionata aos cristãos de boa vontade, após a suspensão a divinis do Pe. Giulio Mignani.

 

A carta foi publicada em Gionata.org, 07-10-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

Eis o texto.

 

E mais uma vez o roteiro foi o mesmo!

 

Um padre que, depois de ter se encontrado com os pais de um filho homossexual, começou a dizer palavras de acolhida em relação àquela família e a reiterar, com suas escolhas pastorais, que a Igreja não pode sempre responder “não” a quem lhe pede palavras de encorajamento para enfrentar as dificuldades da vida, foi suspenso a divinis, com uma medida que desperta desorientação e decepção nas muitas pessoas que pedem que a Igreja diga publicamente palavras de acolhida às pessoas LGBT+ e, de forma mais geral, a quem corre o risco de não percebê-la como mãe.

 

Acredito que você já entendeu: estamos falando do Pe. Giulio Mignani, o pároco de Bonassola (Diocese de La Spezia, Itália) que, várias vezes no passado, expressou publicamente palavras de acolhida a quem, como você, geralmente, se sente condenado pela Igreja.

 

O problema parece ter sido esse “publicamente”, porque, para o bispo dele, as coisas que o Pe. Giulio diz “criam confusão entre os fiéis”.

 

Mas realmente se trata de palavras que criam confusão?

 

Certamente, elas tiveram um impacto midiático importante, e isso deve ter desagradado um pouco o seu bispo, que não se perguntou por que _ é que um padre que diz palavras de acolhida às pessoas LGBT+ gera tanta notícia fora e dentro da Igreja, mas decidiu passar para as vias de fato, primeiro advertindo o Pe. Giulio e depois punindo-o com um procedimento muito grave.

 

Certamente, ele deve ter pensado que, assim, colocaria as coisas de volta em seu lugar, reiterando o princípio clerical segundo o qual os padres se ocupam do rebanho que lhes é confiado e deixam que os bispos falem com a imprensa.

 

Ao fazer isso, porém, não levou em conta o fato de que as coisas que o pároco Bonassola diz já são vividas por muitas pessoas como um motivo de esperança.

 

“Mas – muitos se perguntaram – como é possível que, todas as vezes que um padre se expõe dizendo as coisas que eu espero ouvir da Igreja, ele se encontra em apuros e é obrigado a se calar?”

 

“Será possível – muitos outros devem ter pensado – que aquele atraso de 200 anos com o qual esta Igreja, segundo o cardeal Martini, aborda certas perguntas que a sociedade contemporânea lhe faz, em vez de diminuir, aumenta com o passar do tempo?”

 

“E onde é que foram parar as palavras de acolhida que o Papa Francisco repete em relação a todos – alguns outros devem ter se perguntado, enfim –, na cabeça de um bispo que decide suspender de seu ministério um padre que tenta aplicá-las?”

 

Essas são as perguntas que nós nos fazemos junto com você e essas são as perguntas que, a partir do que o Evangelho escreve, toda a Igreja deveria se fazer.

 

Na esperança de que a suspensão do Pe. Giulio possa ser revogada em breve e que ele possa voltar novamente a exercer seu ministério, convidamos você a rezar conosco as palavras do Salmo 103: “Mandai o vosso Espírito, Senhor, para renovar a terra”.

 

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