Vaticano pede que combate às alterações climáticas “não fiquem na sombra” da guerra

Foto: madartzgraphics | Pixabay

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

06 Outubro 2022

 

“Não podemos deixar que as alterações climáticas sejam uma sombra neste tempo de guerra. As alterações climáticas não esperam por nós. Devemos reconhecer a importância das alterações climáticas juntos e, com convicção e determinação, encontrar as ações para as enfrentar”, afirmou o cardeal Pietro Parolin, durante um encontro organizado pela Santa Sé para assinalar sua adesão à Convenção do Clima e ao Acordo de Paris.

 

A reportagem é publicada por Agência Ecclesia, 04-10-2022.

 

A um mês do início da COP 27, no Egito, o Vaticano quis enviar uma “mensagem de esperança e coragem, neste específico momento histórico”.

 

O cardeal Parolin pediu “uma colaboração mais forte”, o contributo de “diversas disciplinas e países”, de todas as gerações, “as que vivem agora na casa comum e viverão no futuro”, afirmando a necessidade de uma “educação integral da consciência” para enfrentar as alterações climáticas.

 

A Santa Sé entregou em julho o documento de adesão à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações ClimáticasUNFCCC reforçando aquilo que o arcebispo Paul Gallagher afirmou ser uma “necessidade de coerência” que a Santa Sé quer afirmar perante a snovas gerações.

 

“Há uma necessidade de coerência na Igreja para trabalharmos por uma ecologia integral, traduzido num compromisso. Fazendo parte da convenção europeia apoiamos este caminho, mas este passo permite à santa sé ter mais determinação neste trabalho. Este não é um processo de cima para baixo mas também de baixo para cima. Há muito para fazer. Não vamos, por exemplo, subestimar os deslocados por causa das alterações climáticas que precisam de soluções concretas para a adaptação”, sugeriu o secretário do Vaticano para as relações com os Estados, D. Paul Richard Gallagher, que conduziu o encontro.

 

O cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano integral, reconheceu que a situação “é hoje mais desesperada” do que há sete anos, aquando do Acordo de Paris.

 

“Mais projetos baseados em energias fósseis estão a ser iniciados. O choro da terra, dos pobres está a tornar-se desesperado. Os danos têm de ser reparados. Não podemos esperar pela próxima cimeira, pode ser tarde. É hoje que temos de mudar, a todos os níveis”, afirmou.

 

O responsável destacou o contributo que o movimento Plataforma ‘Laudato Si’ tem tido na organização e em “promover espaços comuns para encontro de preocupações”.

 

“Há escolas, comunidades civis, paróquias que se encontram com o contributo deste movimento presente em cinco continentes, sem um instrumento ao serviço das comunidades”, identificou o cardeal Czerny.

 

O cardeal Fernando Vérgez Alzaga, presidente da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano, afirmou-se “diretamente interpelado” pela encíclica do Papa FranciscoLaudato Si’, e deu conta da “estrada de racionalização” que a Santa Sé está a percorrer, no que respeita aos recursos e “mudança de estilo de vida”.

 

O responsável deu conta da instalação de painéis solares, da regulação na iluminação pública, “instrumentos que convidam à mudança de estilo de vida”, e recordou o compromisso já estabelecido pela Santa Sé da neutralidade carbónica até 2050 e de ações que visem a educação integral ecológica.

 

Já o secretário-executivo das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Simon Stiell, pediu à COP27 um “progresso no combate às alterações climáticas”.

 

“É necessário liderança, compromisso e investimento. Precisamos de ser ambiciosos. O clima afeta-nos a todos: cada comunidade, cada casa. Ainda estamos a tempo impedir as alterações, e criar um ciclo virtuoso para tornar o mundo mais resiliente. Sabemos o que é necessário e temos os meios, mas até agora as respostas não se implementaram. Temos todos fazer mais e fazer agora. Não podemos procrastinar. Os partidos têm de se unir num espirito solidário para juntos chegar às COP27”, finalizou.

 

Leia mais