Parrésìa. Morrer por ter dito a verdade

A Morte de Sócrates, de Jacques-Louis David (Foto: Metropolitan Museum of Art | Wikimedia Commons)

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19 Setembro 2022

 

É uma palavra que existe e não existe. Não está nos dicionários, não está na fala, mas está em algum livro, muito, muito específico, e está em nossos corações, se os nossos são corações puros, corações sinceros. Quem fez o antigo ensino médio clássico a entende, eu não o fiz e sofro na perene suspeita de alpinista social, porque é uma pura e simples transliteração do grego, e certamente quem fez o ensino clássico terá se deparado com a parrésìa, de parrésìa morreu Sócrates, que precisamente era um “parresiasta”; sobre a parrésìa foi jogada em Atenas a partida da democracia e foi perdida de lavada.

 

O comentário é do romancista italiano Maurizio Maggiani, publicado por Robinson, 17-09-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

A própria palavra sobreviveu até por volta do século V como argumento de debate entre os Padres do Oriente e depois afundou no nada oceânico, os latinos se mantivera longe dela, notando como seus poucos paressiastas tivessem todo tido um péssimo fim, me causa surpresa constatar agora que o corretor automático do Word reconheça a palavra, talvez tenha frequentado o ensino médio clássico também. Parrésìa é falar francamente, dizer a verdade, e fazer isso sem se importar com qualquer poder e autoridade, o parresiasta é quem exerce esse direito de cidadão, seja ele cidadão filósofo, cidadão político ou cidadão pedreiro.

 

É a terceira perna, junto com igual participação no poder político e igual direito à palavra, sem a qual a democracia não vai a lugar nenhum. Pelo menos assim pensavam os atenienses, e não vejo razão para não poder pensá-lo também aqui e agora, assim como aqui e agora, como em seu tempo, Sócrates deve morrer por ter dito a verdade.

 

 

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