Os órfãos esquecidos da Covid-19

Foto: Kelly Sikkema | Unsplash

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02 Setembro 2022

 

A questão central, portanto, é saber se o presente e o futuro destas crianças e adolescentes, órfãos da Covid-19, serão tratados com o mesmo descaso e a mesma negligência governamental do enfrentamento da pandemia.

 

A reportagem é de Henrique Cortez, publicado por EcoDebate, 01-09-2022.

 

Um tema pouco discutido em relação à pandemia da Covid-19 é dos órfãos, das crianças que sofreram a perda dos pais. Mas, agora, já se tem estimativas mínimas desta tragédia silenciosa.

 

Um estudo global de mortes na pandemia, publicado pelo Imperial College London, que alguns países viram um número maior de crianças que perderam um ou ambos os pais devido ao COVID-19.

 

A análise – com base em dados divulgados em 2021 – descobriu que as taxas de fertilidade, pobreza, cobertura vacinal e a concentração de doenças como diabetes e doenças cardíacas em certas faixas etárias contribuem para um risco maior de crianças ficarem órfãs durante a pandemia.

 

No caso do Brasil, os dados, mais que alarmantes, são trágicos:

 

  • Estimativas de orfandade: 157.500 (morte de um ou ambos os pais)
  • Estimativas de perda do cuidador principal: 181.500 (morte de um ou ambos os pais ou falecimento dos avós guardiões)
  • Estimativas de crianças perdendo cuidadores primários ou secundários: 264.700 (morte de um ou ambos os pais, falecimento dos avós guardiões e/ou falecimento de outros avós coabitantes)

 

 

 

As estimativas apresentadas são mínimas para o número de crianças afetadas pela COVID-19 e excesso de mortes durante a pandemia, seguindo a metodologia estatística para extrapolações globais em Hillis, Unwin, Chen et al,”Global minimum estimates of children affected by COVID-19-associated orphanhood and deaths of caregivers: a modelling study“, The Lancet, 2021 e “Children: The Hidden Pandemic 2021. A joint report of COVID-19 associated orphanhood and a strategy for action.”

 

 

Pensar no agora e no futuro dos órfãos da Covid-19 não é uma questão menor e deve ser compreendida em suas múltiplas dimensões. A começar pela saúde mental de crianças e adolescentes, obrigadas a lidar com a perda de um ou ambos os pais, até a questão dos cuidados, do acolhimento e da manutenção financeira destas crianças e adolescentes.

 

Uma tragédia silenciosa que exige políticas públicas sensíveis e responsáveis, mas que, até agora, mesmo depois de mais de 680 mil vidas perdidas na pandemia que ainda não acabou, ainda não vemos qualquer ação governamental neste sentido.

 

A questão central, portanto, é saber se o presente e o futuro destas crianças e adolescentes, órfãos da Covid-19, serão tratados com o mesmo descaso e a mesma negligência governamental do enfrentamento da pandemia.

 

E, ao que tudo indica, o descaso e a negligência permanecerão.

 

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