15 Agosto 2022
Nas comemorações do 50º aniversário da Pax Christi USA no último fim de semana, a inclusão LGBTQ+ estava na agenda, inclusive na homilia do bispo John Stowe, onde ele aludiu a uma Igreja que “abençoará armamentos, mas não alguns casais”.
A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 12-08-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Stowe, que é o bispo-presidente da organização, presidiu a missa de encerramento da Assembleia Nacional da Pax Christi USA em 2022. Levantando as palavras de Jesus das leituras de domingo para “não ter mais medo, pequeno rebanho”, Stowe posicionou os pacificadores e defensores da justiça como cordeiros no meio dos muitos lobos do mundo, incluindo os lobos católicos. Stowe pregou, aludindo a casais LGBTQIA+ em um ponto:
“Como Igreja, não parece que fomos suficientemente vigilantes sobre aqueles que estavam sendo excluídos, sobre promover a não-violência de Cristo, sobre desafiar a opressão onde quer que fosse, sobre promover igualdade e dignidade igual entre todos os nossos membros. Parecíamos fazer parte de uma instituição que vivia com medo, sem dar ouvidos à admoestação mais frequente de Jesus, de não ter medo”.
Continuou:
“Não precisamos ir muito longe para encontrar os lobos: quando os católicos estão promovendo a pena de morte e premiados por isso, estão ansiosos por vingança e retaliação, quando estamos dispostos a abençoar armamentos, mas não alguns casais, quando os as vozes das mulheres não estão sendo ouvidas nas lutas sobre o aborto, quando a instituição não consegue dizer ‘vidas negras importam’ e quando os autoproclamados supercatólicos insistem que sabem mais e melhor do que o papa”.
Também abordando o tema da inclusão foi Marie Dennis, a vencedora do prêmio Professor da Paz da Pax Christi USA este ano e uma defensora de longa data da não-violência. Dennis falou sobre a necessidade de uma Igreja diversificada e inclusiva – e modelou uma maneira de fazê-lo, oferecendo seus pronomes. Ela se tornou uma voz católica proeminente para a igualdade LGBTQIA+, inclusive oferecendo um testemunho sobre por que ela apoia as proteções contra a discriminação no livro organizado pelo New Ways Ministry, “A Home for All” (“Um lar para todos”, em tradução livre) – no qual dom Stowe também contribui.
Durante as preces na missa de encerramento, houve uma que rezava não apenas pelas pessoas LGBTQIA+, mas pelo desenvolvimento dos ensinamentos da Igreja que prejudicam a comunidade. A petição dizia:
“Rezamos por todos que se identificam como LGBTQIA+. Não podemos ignorar que os documentos oficiais da igreja marginalizam ainda mais a comunidade LGBTQIA+ do que os leprosos do tempo de Jesus. Que todos possamos trabalhar juntos para extirpar esse câncer teológico, para que possamos compartilhar seus dons e sua beleza em nossos irmãos LGBTQIA+ com alegria e orgulho”.
Por fim, o New Ways Ministry conduziu uma oficina de formação que abordou a história organizacional da Pax Christi USA de envolver questões LGBTQIA+, como um anúncio de assinatura de 1999 no The New York Times publicado com o New Ways Ministry que pedia o fim da violência contra lésbicas e gays após o assassinato de Matthew Shepard. A formação então explorou como os membros da Pax Christi USA hoje podem ajudar o movimento católico pela paz não apenas a defender a igualdade, mas também a praticá-la internamente.
Como membro de longa data da Pax Christi, achei o fim de semana passado uma ocasião alegre para celebrar todo o bom trabalho realizado nos últimos 50 anos em nome da não-violência do Evangelho. É especialmente animador porque a Pax Christi USA e seus líderes são honestos e abertos que ser o movimento católico pela paz necessariamente implica incluir e defender as pessoas LGBTQIA+ também.
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EUA. Bispo John Stowe questiona católicos que “abençoam as armas, mas não alguns casais” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU