06 Julho 2022
Bergoglio conta que sofre com a falta de liberdade, gostaria de caminhar livremente pelas ruas de Roma - Quando perguntado sobre os últimos problemas de saúde, ele responde: “Não sinto a idade. Talvez quando penso que tenho 85 anos me parece irreal: eu nesta idade? Eu rio de mim mesmo e vou em frente”. Após a entrevista com a Reuters e logo difundida em todo o mundo para desmentir os rumores de demissão em agosto, como havia circulado com insistência em vários círculos curiais italianos e estrangeiros, desta vez o Papa Francisco utiliza o Spotify para veicular a mesma mensagem tranquilizadora.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 05-07-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Papa Francisco no podcast conta que sofre com a falta de liberdade, gostaria de caminhar livremente pelas ruas de Roma, assim como fazia em Buenos Aires. No entanto, não se arrependeu de ter escolhido Santa Marta e não o Palácio Apostólico como sua residência em 2013, hipótese rejeitada no momento da eleição por "motivos psiquiátricos". Seu dia no hotel do Vaticano, onde ele agora mora em um apartamento composto por um quarto, escritório e banheiro, começa nas primeiras horas da manhã com a oração. Ele também relata que é um hábito saudável que nunca foi perdido porque, ele explica, se você não orar de manhã acaba no moedor de carne e não tem como fazer mais nada.
Desta vez, o pontífice argentino optou por contar um pouco mais sobre si mesmo recorrendo a um podcast no Spotify realizado por seu ex-porta-voz quando era arcebispo em Buenos Aires, Guillermo Marco.
Eis algumas passagens importantes da transmissão.
Você ainda é uma pessoa que acorda cedo para orar? "Sim, bem assim. Porque se não se reza de manhã, não se reza mais, né? Porque se acaba no moedor de carne... Sinto falta de caminhar pelas ruas. Em Buenos Aires eu caminhava e pegava o ônibus. Aqui nas duas vezes que tive que sair fui pego em flagrante. Duas vezes, no inverno. Às sete da noite, nada acontece, tudo está escuro... Quando fui à ótica uma senhora da sacada (gritou) "O Papa" e acabou aí. E quando eu fui à loja de discos onde não tinha ninguém - eu fui abençoar porque era uma loja de discos de amigos que havia sido reformada e tudo mais – o pessoal me pediu "por que não vem, nos ajudou tanto". Então eu fui. Infelizmente, havia uma parada de táxi nas proximidades onde um jornalista estava esperando um amigo para pegar um táxi”, lembrou o Papa.
Em outra parte do diálogo com Marco, ressaltou que não é verdade que muitas vezes sai escondido de Santa Marta. "O mito da fuga do Vaticano: foi São João Paulo II quem fez isso. Ele conseguiu. Ele adorava esquiar e praticava. Ele saia com uma touca de esqui que cobria o rosto e ninguém o reconhecia. Ele esquiava um pouco e depois voltava. No verão gostava de nadar. E um dia um menino gritou "o Papa", ele o reconheceu. Então voltou logo e começou a ter um pouco mais de medo, caso contrário ninguém o reconhecia".
O Papa também confirmou que ficar em Santa Marta e não no Paço Episcopal foi uma boa escolha. "Quando fui eleito, estava aqui na sala em frente. No segundo dia tive que ir ao Palácio Apostólico para tomar posse. É impressionante o quanto é espaçoso lá. Não é tão luxuoso, mas é enorme. Sozinho. É como um funil, mas de cabeça para baixo. Quem tem permissão para entrar entra, depois se cai nas mãos dos colaboradores, se perde a independência e sem pessoas... Assim eu pedi ao Senhor 'me dê uma saída'".
"E uma tarde falei com o Cardeal (Giuseppe) Bertello. 'Venha morar aqui comigo', disse. Bom, vou pensar e verei.... No dia seguinte, saí do meu quarto e havia uma porta aberta e as senhoras estavam fazendo a limpeza. E eu sou curioso... 'O que é este?'. 'É o apartamento dos hóspedes e estamos limpando para sua ocupação'. 'O quarto, com um banheiro, este para receber e o escritório'. E eu disse: Deus o colocou na minha mão. E quando me perguntaram por que eu não fiquei lá, eu respondi: Por motivos psiquiátricos”.
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O Papa Francisco usa também Spotify para brincar sobre seu estado de saúde e tranquilizar: “Vou em frente” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU