23 Mai 2022
Escreve Jose Antonio Pagola, teólogo espanhol, em artigo publicado por Religión Digital, 23-05-2022.
Jesus era realista. Ele sabia que não poderia transformar de um dia para o outro aquela sociedade onde via tanta gente sofrer. Não tem poder político ou religioso para provocar mudanças revolucionárias. Só a sua palavra, os seus gestos e a sua grande fé no Deus de quem sofre.
Por isso gosta tanto de fazer gestos de bondade. "Abraça" as crianças de rua para que não se sintam órfãs. Ele "toca" os leprosos para que não sejam excluídos das aldeias. Ele amigável "acolhe" pecadores e indesejáveis à sua mesa para que eles não se sintam desvalorizados.
Não são gestos convencionais. Eles nascem de sua vontade de fazer um mundo mais amável e solidário, no qual as pessoas se ajudem e cuidem umas das outras. Não importa se são pequenos gestos. Deus leva em conta até o "copo de água" que damos a quem tem sede.
Jesus gosta sobretudo de “abençoar”. Abençoa os pequeninos e abençoa sobretudo os enfermos e desafortunados. Seu gesto é cheio de fé e amor. Ele deseja envolver aqueles que mais sofrem com a compaixão, proteção e bênção de Deus.
Não surpreendentemente, ao narrar sua despedida, Lucas descreve Jesus levantando as mãos e "abençoando" seus discípulos. É o seu último gesto. Jesus entra no mistério insondável de Deus e seus seguidores são envolvidos em sua bênção.
Há muito esquecemos, mas a Igreja deve ser uma fonte de bênção no meio do mundo. Num mundo onde é tão frequente “amaldiçoar”, condenar, prejudicar e denegrir, a presença de seguidores de Jesus que sabem “abençoar”, buscar o bem, fazer o bem, atrair para o bem é mais necessária do que nunca.
Uma Igreja fiel a Jesus é chamada a surpreender a sociedade com gestos públicos de bondade, rompendo esquemas e distanciando-se de estratégias agressivas, estilos de ação e linguagem que nada têm a ver com Jesus, o Profeta que abençoou as pessoas com gestos e palavras de bondade.
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"A Igreja é chamada a surpreender, distanciando-se de estratégias agressivas, estilos de ação e linguagem que nada têm a ver com Jesus", diz Jose Antonio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU