05 Mai 2022
Roma paralisa o processo de beatificação de Joseph Kentenich, fundador de Schoenstatt. E fá-lo, a pedido da diocese de Trier, depois da notícia avançada há dois anos pelo RD e que falava de acusações de abuso de poder e abuso sexual por parte de religiosos, falecidos em 1968 e cujo processo foi aberto, por primeira vez, em 1975.
Como destacou Dom Ackermann, a decisão é tomada “após as acusações de abuso contra o padre Kentenich que eram conhecidas em 2020”, embora em momentos anteriores do processo de beatificação fossem conhecidas, sem serem denunciadas. Especificamente, Kentenich foi acusado de ter “um poder manipulador e coercitivo” sobre as mulheres consagradas do movimento, algo que Schoenstatt sempre negou, além de várias acusações de abuso sexual de mulheres e menores.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 04-05-2022.
Em julho de 2020, e após a abertura dos arquivos secretos do Vaticano, o bispo de Trier “quis convocar uma segunda comissão de historiadores”, como agora admite a comunidade de Schoenstatt, que pediu uma investigação “independente e transparente”.
Como será lembrado, na década de 1990, um cidadão americano acusou Kentenich de tê-lo abusado sexualmente entre 1958 e 1962. A acusação, que já foi investigada pela Igreja americana nos 'anos sombrios' anteriores ao Spotlight, foi retomada em 2021". Os debates dos últimos dois anos indicaram que é necessária uma investigação mais profunda da pessoa e obra de Joseph Kentenich”, declara Dom Ackermann na nota em que relata a decisão de suspender, sem prazo, o processo de beatificação de Kentenich.
Joseph Kentenich fundou o movimento de Schoenstatt na Alemanha em 1914. Ele foi para os Estados Unidos em 1951 e foi autorizado a retornar à Alemanha em outubro de 1965. Morreu três anos depois e o processo de beatificação começou em 1975. Hoje, o movimento está presente em 42 países.
E é que, apesar das tentativas de encobrir a história, a verdade é que o fundador de Schoenstatt nunca foi reabilitado oficialmente. Isso decorre de uma carta enviada pelo então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger, ao Reitor Geral dos Padres Palotinos em 1982. "Nenhuma das decisões anteriores do Santo Ofício sobre doutrina, atividade e pessoa do padre Kentenich foram anuladas", diz a carta, então publicada em ata e trazida à luz pela historiadora Alexandra von Teuffenbach.
Depois de mais de uma década de exílio imposto pelo Vaticano, em 1965 acreditava-se que o antigo Santo Ofício (mais tarde Congregação para a Doutrina da Fé) teria aceitado seu retorno à Alemanha. Algo que permanece em questão com a descoberta da carta de Ratzinger, à qual se acrescenta a de outra do Cardeal Errázuriz, então presidente do Conselho Internacional da Família de Schoenstatt.
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A Igreja suspende a beatificação do fundador de Schoenstatt - Instituto Humanitas Unisinos - IHU