08 Abril 2022
"A não-violência está longe de ser minoritária. Pelo contrário, é mais uma multidão que já começou a habitar o futuro".
O comentário é de Tonio Dell'Olio, presidente da Pro Civitate Christiana, publicado por Mosaico di Pace, 07-04-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O não-violento adota o olhar do além e não se deixa crucificar pelas simplificações adotadas como atalho para problemas complexos, da guerra elevada a realismo, da morte disfarçada de destino inelutável. O não-violento se rebela contra a lógica binária que diz violência ou rendição.
É exatamente nessa esplanada que vai do uso da força à rendição sem condições, que se situam os mil gestos de rebeldia tanto para uma quanto para a outra. A não-violência é profecia, mas isso não significa que lhe falte aderência à realidade.
A pradaria entre violência e rendição está lotada pelos que organizam o acolhimento de quem foge, pelos que distribuem ajuda humanitária na Ucrânia, pelos que estão na sala de cirurgia para tentar providenciar algum remédio às feridas da guerra, pelos que brincam com crianças de olhos assustados, como também pelos que arriscam a vida para contar a verdade e o horror, pelos que falam à consciência dos cidadãos russos, que escondem em casa um jovem objetor de Moscou que abandonou tanque e uniforme ao longo da estrada para Mariupol.
E por aquele próprio jovem que fez prevalecer a força da razão sobre a razão da força, pelos que participam de ações de paz em lugares de guerra, que decidiram ficar perto de seus irmãos e irmãs mesmo podendo se colocar a salvo do outro lado das fronteiras, pelos que em todas as escolas do mundo ensinam a resistir ao instinto da violência, às microguerras cotidianas, à primazia das coisas sobre as pessoas.
A não-violência está longe de ser minoritária. Pelo contrário, é mais uma multidão que já começou a habitar o futuro.
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Entre a violência e a rendição - Instituto Humanitas Unisinos - IHU