RS. Encontro em Lomba Grande revive o carijo

Cidade de Lomba Grande, RS | Lu Freitas - PMNH

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

22 Março 2022

 

Agricultores de Lomba Grande, região rural de Novo Hamburgo, estão em festa com a proximidade de um encontro que vai reviver um dos rituais mais belos e representativos para uma comunidade que cultua a produção e o consumo sustentáveis.

 

Trata-se do carijo ou carijada, processo de produção da erva-mate ensinado pelos povos indígenas e assimilado pelos agricultores e moradores locais.

 

A reportagem é publicada por Extra Classe, 21-03-2022. 

 

A carijada ocorre nos dias 26 e 27 de março no organismo agrícola de Erno Bühler, em Lomba Grande. O encontro, no formato de oficina, é promovido pelo Araçá – Grupo de Consumo Responsável, com parceria de Agrofloresta Garupá, Produtos Biocêntricos e Circular Alimentos, com apoio da família Bulher e do Banco de Tempo de Lomba Grande. As inscrições podem ser feitas com Camilo, pelo fone (51) 98318.7798.

“A retomada dos carijos proporciona a autonomia de produzir a própria erva para o chimarrão, com sabor original e novos e ancestrais sentidos em nossa vida”, destaca o biólogo Moisés da Luz, multiplicador desta cultura indígena e campesina desde 2005.

 

Produção sustentável

 

O carijo é uma estrutura tradicional utilizada para a secagem da erva-mate durante a sua produção artesanal. Começa com o reconhecimento da planta, a Ilex paraguariensis, que é podada a partir da lua crescente, é colocada para secar ao fogo durante a noite e entra na moagem no dia seguinte.

A seguir, a erva-mate é embalada e dividida entre os participantes para ser degustada em casa. Muitas mãos participam dessa vivência, destacam os organizadores da oficina.

A erva-mate que será processada no carijó é fornecida por Susi Grings, que tem uma árvore desta espécie em sua propriedade em Dois Irmãos, e Mozar Dietrisch, produtor de Santa Maria do Herval, que irá receber integrantes do Araçá para a colheita de sua erva-mate.

Ambos fornecedores receberão parte da erva processada, numa prática de economia solidária, que conta ainda com o empréstimo da máquina de soque do Coletivo Catarse.

 

Culturas guarani e kaingang

 

Moisés da Luz, natural de Panambi, na região noroeste do estado, também é educador ambiental e autor da dissertação de mestrado “Carijos e Barbaquás no Rio Grande do Sul: resistência camponesa e conservação ambiental no âmbito da fabricação artesanal de erva-mate”, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Seu trabalho motivou a produção do “Carijo, o filme”, disponível no youtube, além de livro, cartilha e diversos eventos para a multiplicação deste resgate das culturas indígenas mbyá-guarani e kaingang.

 

 

O biólogo destaca pelo menos três questões interessantes sobre o carijo. “A fabricação artesanal de forma coletiva valoriza a arte do fazer junto, a importância de aprender esse processo de um alimento, uma bebida, de forma coletiva, além de gerar conhecimento sobre a origem da erva-mate, manejo agroflorestal, flora nativa e importância de preservar a biodiversidade”, salienta.

 

Leia mais