Cardeal George Pell pede que o Vaticano repreenda declarações sobre mudanças no ensino sobre a sexualidade

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21 Março 2022

 

O cardeal George Pell tem pedido à Congregação para a Doutrina da Fé para que intervenha e repreenda dois importantes clérigos católicos europeus que estão cobrando mudanças no ensino católico sobre a sexualidade e a homossexualidade.

 

A reportagem é de Nicole Winfield, publicada por National Catholic Reporter, 17-03-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

Pell, que foi condenado e depois absolvido das acusações de abuso sexual em sua terra natal, a Austrália, disse que entendia que as pressões seculares na Alemanha estavam forçando o debate sobre homossexualidade e outras questões polêmicas na Igreja. Mas em entrevista à KTV, a agência de televisão católica alemã, Pell disse que a Igreja não pode seguir “os ditames relativos da cultura secular contemporânea” e deve permanecer fiel à sua fé.

 

Pell estava se referindo a comentários recentes do cardeal Jean-Claude Hollerich, de Luxemburgo, presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia, e do bispo Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, que surgiram como parte do debate e diálogo do “Caminho Sinodal alemão” com leigos.

 

Hollerich disse acreditar que o atual ensino da Igreja sobre a homossexualidade “não é mais correto” e não é baseado na ciência. Em entrevista à agência de notícias alemã KNA, ele pediu uma “revisão fundamental da doutrina”, observando que o próprio alcance de Francisco aos gays pode abrir caminho para uma mudança.

 

Separadamente, o chefe da conferência episcopal alemã, dom Georg Bätzing, disse à revista alemã Bunte que o ensino católico precisa mudar em relação à sexualidade e ao sexo antes do casamento, já que ninguém o segue. Perguntado se as relações entre pessoas do mesmo sexo eram permitidas, o prelado alemão respondeu: “Sim, tudo bem se for feito com fidelidade e responsabilidade. Não afeta o relacionamento com Deus”.

 

Ele também indicou que era a favor da abolição do celibato sacerdotal e da ordenação de mulheres – duas coisas que o Vaticano rejeitou categoricamente, mas que foram endossadas no processo sinodal alemão.

 

Pell, que foi o principal ministro das Finanças do Vaticano antes de sair em 2017 para ser julgado na Austrália, pediu que a Congregação para a Doutrina da Fé interviesse e se pronunciasse sobre a “rejeição total e explícita” dos ensinamentos da Igreja sobre homossexualidade e casamento monogâmico, em uma inusitada reprimenda de um colega cardeal e bispo.

 

“A Igreja Católica não é uma federação frouxa onde diferentes sínodos ou reuniões nacionais e líderes proeminentes são capazes de rejeitar elementos essenciais da tradição apostólica e permanecer imperturbáveis”, disse um comunicado resumindo os pontos de Pell. “Isso não pode se tornar uma situação normal e tolerada”.

 

O Vaticano não comentou nenhuma das declarações, embora tenha expressado preocupação com o processo sinodal alemão.

 

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