03 Março 2022
Entre 18.000 e 20.000 baleias são mortas a cada ano por navios de carga, barcos de pesca, navios de cruzeiro ou grandes embarcações. Alguns espécimes ficam feridos, mas muitos morrem e apenas 10% ficam encalhados na costa, por isso é um fenômeno pouco visível, diz Paolo Bray, diretor da Friend of the Sea, uma organização internacional com sede em Milão.
A reportagem é de Angélica Enciso L., publicada por La Jornada, 28-02-2022. A tradução é do Cepat.
Há pelo menos seis casos documentados de mortes de baleias cinzentas em colisões com navios na costa da Califórnia e do Alasca. É provável que haja subnotificação, pois as carcaças de cetáceos nem sempre chegam à costa. No entanto, no caso do México, não encontramos registros de acidentes fatais.
Bray menciona que, em todo o mundo, o volume da indústria naval dobra a cada 10 anos, o que gerou um aumento exponencial do tráfego marítimo e uma maior pressão sobre as populações de baleias. A hora de agir é agora.
Em entrevista, Bray explica que se estima que existam 90 espécies de cetáceos no planeta, das quais 14 são espécies de baleias, mas para conhecer seu estado, a avaliação é feita por populações, ou seja, uma espécie pode ter uma população em risco de extinção em uma área específica do mundo, mas pode ser abundante em outra região.
De aproximadamente 20 populações cadastradas, há dados insuficientes para sete; duas estão criticamente ameaçadas; quatro estão em perigo de extinção; três são vulneráveis e seis são saudáveis. No entanto, as mais raras e ameaçadas são as baleias francas, já que restam apenas 866 nos oceanos; outras que foram drasticamente reduzidas são as baleias azul, barbatana e jubarte.
Destaca que há desafios que dificultam a avaliação, como o fato de as baleias passarem a maior parte do tempo debaixo d'água, algumas populações habitarem as regiões mais remotas do mundo ou não haver dados históricos disponíveis.
Paolo Bray sustenta que, embora a indústria marítima tenha implementado medidas para reduzir essa ameaça, ainda há muito a ser feito. Pelo menos um de cada dois navios faz vista grossa e não participa dos esforços para proteger as baleias. É necessária uma maior colaboração entre os diferentes atores envolvidos, desde o setor marítimo, passando por governos, organizações internacionais e aquelas dedicadas à conservação.
Não existe uma solução única para proteger as baleias de colisões com navios, mas um leque de medidas tecnológicas, operacionais e educacionais que podem ajudar a reduzir a ameaça.
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Mais de 18 mil baleias morrem anualmente em decorrência de colisões com navios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU