29 Novembro 2021
“Não temos certeza de como será o mundo com a covid nos próximos meses, muito menos nos próximos anos. Nem os habitantes de Jerusalém sabiam como seria seu futuro quando os babilônios os cercassem. Mas eles sabiam que seria um futuro com o Deus de amor, misericórdia e compaixão, e nós também. Nosso futuro está seguro no Deus da segurança, que nunca nos abandonará. Vinde, Messias tão esperado”, escreve o jesuíta estadunidense James Martin, em artigo de reflexão do Primeiro Domingo do Advento, publicado por America, 28-11-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“Eis que chegarão dias – oráculo de Javé – em que eu cumprirei as promessas que fiz à casa de Israel e à casa de Judá” (Jr 33, 14).
Eu me questiono se há alguém no mundo que não tenha sido afetado pela pandemia de covid-19. Das ruas de Manhattan às favelas de Nairóbi e às ilhas mais remotas do Pacífico, bilhões de pessoas se preocuparam em evitar a doença, contraí-la, tratá-la e, então, viram seus entes queridos adoecerem e morrerem da doença. Foram dois anos terríveis para o mundo. Acrescenta-se a isso os problemas econômicos e conflitos políticos e o mundo pode parecer implacavelmente nas trevas.
É por isso que o Advento é tão bem-vindo este ano. E tão necessário. E por isso a primeira leitura, do livro de Jeremias, pode trazer luz a todos os que acreditam em Deus. Jeremias está escrevendo uma mensagem de conforto para seu povo por volta de 588 a.C., durante o terrível cerco de Jerusalém pelos babilônios. Deve ter sido uma época terrível, com morte, violência e destruição – juntamente com a escassez de comida e água e, muito provavelmente, doenças generalizadas. Lembre-se de que nossa época não é a primeira a enfrentar pandemias e, nos dias de Jeremias, sem nenhum tratamento médico real, a doença teria sido ainda mais assustadora.
Seria muito fácil pensar que Deus os abandonou. No entanto, Jeremias promete não apenas que Deus não os abandonou; ele promete que Deus restaurará suas fortunas, que “Judá estará segura” e “Jerusalém habitará segura”. Essas palavras devem ter sido muito reconfortantes para seu povo sitiado.
À medida que o Advento começa em nosso mundo sombrio, podemos ver sinais da presença reconfortante de Deus ao nosso redor: os dedicados profissionais da saúde que lutaram contra a covid na linha de frente, os “santos da porta ao lado”, para usar as palavras do Papa Francisco, que nos ajudaram a avançar; as famílias e amigos que nos mostraram seu amor por nós de maneiras grandes e pequenas. Mas buscamos a Deus não apenas no presente, mas também no futuro. O Advento é uma época de desejo, e o que desejamos – a vinda de Cristo a nossas vidas de uma nova maneira – é uma promessa tão segura quanto as promessas feitas por Jeremias a seu povo. E do nosso ponto de vista, somos abençoados em saber que essas promessas foram cumpridas e excedidas: da linhagem de Davi veio um Messias que era muito mais do que até mesmo os profetas mais entusiastas poderiam ter previsto.
Não temos certeza de como será o mundo com a covid nos próximos meses, muito menos nos próximos anos. Nem os habitantes de Jerusalém sabiam como seria seu futuro quando os babilônios os cercassem. Mas eles sabiam que seria um futuro com o Deus de amor, misericórdia e compaixão, e nós também. Nosso futuro está seguro no Deus da segurança, que nunca nos abandonará. Vinde, Messias tão esperado.
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Num mundo ofuscado pela pandemia e o conflito político, o Advento traz sinais da presença de Deus. Artigo de James Martin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU