24 Setembro 2021
Segundo a revista da Companhia de Jesus "La Civiltà Cattolica" (Itália - 21 de setembro de 2021), o Papa Francisco, no domingo 12 de setembro na Nunciatura de Bratislava (Eslováquia) em um encontro com 53 coirmãos, respondendo à pergunta sobre sua saúde disse: estou "ainda vivo. Embora alguns me quisessem morto. Sei que até houve encontros entre prelados, que pensavam que o Papa estivesse pior do que se declarava. Estavam preparando o conclave. Paciência! Graças a Deus estou bem".
A reportagem é publicada por Il Sismografo, 23-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
São frases surpreendentes, desconcertantes e insidiosas a ponto de incitar a pensar que algo não vai bem no Vaticano. São palavras que denunciam a existência de “uma conspiração palaciana”, como está sendo dito agora, uma “conspiração” denunciada pelo Pontífice em termos inequívocos e diretos. Uma verdadeira bomba-relógio. Nada mais se acrescenta: nem nomes, nem lugares, nem circunstâncias e sobretudo não se especifica o conceito de "prelados" (talvez usado como sinônimo de "cardeais"?). Dezenas de jornalistas trataram do assunto e boa parte deles, manipulando o costumeiro aparato para defender ou atacar o Papa independente do que for – já que da verdade dos fatos e do senso comum das palavras, na realidade, não se importam muito - disseram tudo e muito mais. Em particular, se destrincharam em acrobacias tão enfurecidas quanto inconsistentes porque o Cardeal Pietro Parolin declarou que nada sabia do que o Papa havia dito, tentando depois, como é seu hábito, minimizar o fato. Mas também sobre o card. Parolin desabou a velha manipulação midiática "independente do que for". Sabe-se agora que neste ambiente o importante é executar a orientação-guia, a favor ou contra, já predefinida.
Muitas hipóteses poderiam ser feitas sobre as palavras do Santo Padre que é sempre um ser humano, como todos os outros, ainda que sujeito de uma missão e um ministério específico:
O Santo Padre neste momento tem apenas uma saída possível, a única convincente: entregar à justiça do Vaticano, ao Tribunal Único que o dr. G. Pignattone preside, toda a documentação - nomes, sobrenomes, lugares e circunstâncias dos "prelados que preparavam um conclave" - e que servem para dar amparo jurídico à gravíssima denúncia de um crime - por ora presumido - que se configura quando alguém se organiza para realizar uma ação desta natureza no Estado da Cidade do Vaticano contra a pessoa e autoridade do Pontífice reinante. No mundo das nações e das comunidades civis, baseadas no direito, isso se chama de "golpe".
Deve-se ter presente que nas palavras do Pontífice não se fala de eclesiásticos e/ou leigos que discutem sobre o futuro Papa (algo que se faz - legítima e naturalmente - todos os dias há séculos). Em dois anos, em mais de uma centena de jornais de prestígio internacional foram publicados centenas de artigos sobre os "papáveis".
O Papa Francisco em suas declarações usa expressões precisas e bem circunscritas. Diz: Estou vivo “embora alguns me quisessem morto. Sei que até houve encontros entre prelados, que pensavam que o Papa estivesse pior do que se declarava. Estavam preparando o conclave”.
Nessas passagens textuais eles surpreendem:
Além disso, um Conclave é uma questão que cabe única e exclusivamente aos cardeais, eleitores e não eleitores. Não prelados. E, passados os vinte dias, tendo entrado na Capela Sistina, a eleição do novo Bispo de Roma é assunto exclusivo e reservado aos cardeais eleitores (com menos de 80 anos). O Papa Francisco, de fato, "foi tornado Papa no Conclave" (usando as palavras do Cardeal Siri), embora já fosse papável em 2002. Não resulta que entre os anos de 2002 a 2013 alguém tenha dito que houve uma conspiração contra João Paulo II ou Bento XVI.
Em substância, há apenas duas possibilidades de esclarecimento sobre o que disse o Papa Francisco: ou é falso ou é verdadeiro. Se for "falso", deve-se deixar claro que foi um erro imprudente. Se, por outro lado, for verdade, as provas devem ser apresentadas ao Tribunal do Vaticano. A terceira via, a do silêncio, hoje não é mais eficaz.
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Existem apenas duas possibilidades sobre a “conspiração” denunciada pelo Papa: é falsa, e deve ser redimensionada oficialmente, ou é verdadeira e então deve intervir a justiça vaticana e suas leis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU