11 Agosto 2021
"Os leitores e internautas cansaram das narrativas e meias verdades daqueles que pautam os meios de comunicação como se estivessem a manipular beócios e incautas criaturas desinformadas", escreve José Carlos Gentili, membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Brasileira de Filologia e da Academia de Letras de Brasília.
Carlos Lyra Lins, recentemente, afirmou que “a pior perda é a da credibilidade. Os grandes jornais e revistas, na maioria tomados de militantes, estão chafurdando na melancolia da militância, por isto os leitores foram embora.”
O descrédito da antiga imprensa nacional é constatação inequívoca, exposta na nudez pandêmica, que grassa no orbe.
A culpa não é exclusividade do flagelo da pestilência! Ela, apenas, mostrou aos sobreviventes agônicos, ora meras cobaias vacinais que poluem, ainda, os meandros das cavernas humanas, que o mundo está sempre a mudar.
As mídias dos jornais, dos meios televisivos, das redes públicas e privadas convencionais, migraram para o universo do mundo digital.
Os leitores e internautas cansaram das narrativas e meias verdades daqueles que pautam os meios de comunicação como se estivessem a manipular beócios e incautas criaturas desinformadas.
Atualmente, os participantes das redes se interconectam de forma seletiva e singular, numa simbiose de aferições, independentemente de jornalistas que criaram suas agendas diárias na dimensão de seus interesses político-ideológicos.
A propósito, o jornalista Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, magistralmente opinou:
“O novo concorrente desse jornalismo batizado como profissional é a cobertura alternativa digital – o cidadão comum transmitindo direta e naturalmente a informação pelos meios domésticos (celular), como se estivesse contando um caso numa roda de amigos. É mais que isso: é o acesso livre à informação. Entende-se que a informação jornalística é cheia de vícios.”
Isto nos faz recordar Eça de Queiroz, membro do grupo de intelectuais Vencidos na Vida, que se reunia em Lisboa, no século XIX, desencantado com os pródomos do socialismo, quando disse:
“Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.”
Eram onze os componentes daquele grupo. Igual quantitativo da composição atual do Supremo Tribunal Federal brasileiro. Mera identidade numeral. Os Vencidos na Vida eram um grupo de personalidades da mais expressiva grandeza literária, intelectiva e societária de Portugal, ao contrário de outros grupos no mundo, que deixam apenas rastros de suas fraquezas procedimentais e deletérias.
Os Vencidos na Vida eram uma espécie dos atuais think tanks – laboratórios de ideias –, verdadeiros centros estratégicos de pensamentos e reflexões.
Com o fenecimento das mídias tradicionais, arraigadas a ideários pontuais e não universais, propulsionadas pelas infames fake news, as sociedades transmutaram suas relações informacionais à cobertura alternativa digital.
O mundo pós-pandêmico terá novas configurações societárias, a relembrar estruturas tais como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sindicatos de toda ordem, amalgamadas em pirâmides federativas e confederativas, como animais jurássicos, arcabouços esqueléticos de uma era antediluviana.
O Tempo dirá!
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Vencidos na vida. Artigo de José Carlos Gentili - Instituto Humanitas Unisinos - IHU