07 Julho 2021
Uma delegação da Federação Luterana Mundial se dirigiu a Roma no dia 24 de junho passado para um encontro com o Papa Francisco e em busca de uma maior cooperação com a Caritas Internationalis, a rede católica mundial de agências de ajuda e de desenvolvimento.
A reportagem é de Antonio Dall’Osto, publicada em Settimana News, 06-07-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A delegação incluía o presidente da Federação Luterana Mundial, o arcebispo Panti Filibus Musa, e o secretário-geral, o pastor Martin Junge, além dos membros do Conselho que representam as sete regiões da comunhão mundial.

O presidente da Federação Luterana Mundial (FLM), arcebispo Dr. Panti Filibus Musa, e o Papa Francisco (Foto: Vatican Media)
Durante a visita dos dias 24 e 25 de junho ao Vaticano, estava programado um “diálogo” entre os líderes da Federação Luterana Mundial e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e uma conferência de Martin Junge na universidade dominicana São Tomás de Aquino (Angelicum), conhecida pelo seu instituto especializado em estudos ecumênicos.
O encontro com o Papa Francisco ocorreu por ocasião da comemoração conjunta do 500º aniversário da Reforma nas cidades suecas de Lund e Malmö em outubro de 2016. Naquela ocasião, o Papa Francisco, junto com Junge e com o ex-presidente da Federação, o bispo Munib Younan, havia liderado uma oração comum, comprometendo-se a intensificar os esforços pelo testemunho e pelo serviço conjuntos.
A visita destes dias é vista como mais um passo no caminho “do conflito à comunhão”, que tem estado no centro do diálogo luterano-católico nos últimos anos. Em particular, a audiência com o Papa Francisco no dia 25 de junho coincidiu com o aniversário da Confissão de Augsburg, apresentada naquela data em 1530.
A Confissão de Augsburg, redigida por Filipe Melâncton em vista da dieta (reunião) de Augsburg desejada pelo imperador Carlos V, a fim de tentar “normalizar” a disruptiva questão protestante, contém basicamente a exposição dos primeiros princípios fundamentais da nascente Reforma.
O ano de 2021 também marca o 500º aniversário da excomunhão de Martinho Lutero pelo Papa Leão X no século XVI. Uma comissão mista de teólogos luteranos e católicos está atualmente estudando o contexto histórico daquele evento e deve divulgar as conclusões a tempo da assembleia da Federação Luterana Mundial, que será realizada em Cracóvia, Polônia, em 2023.
O assistente do secretário-geral para as Relações Ecumênicas, professor Dirk Lange, membro da delegação, definiu a visita como “uma importante afirmação dos progressos feitos durante a oração comum em Lund e o compromisso com a ação prática na arena de Malmö. Também estamos ansiosos por essa viagem – acrescentou –, enquanto nos preparamos para o 500º aniversário da Confissão de Augsburg em 2030”.
Lange espera que “a audiência com o papa e o aprofundamento do compromisso teológico e espiritual entre a Cáritas e o World Service (o braço social e de caridade da Federação Luterana Mundial) impulsionem ainda mais à unidade. Essa cooperação, de fato, não é apenas trabalhar juntos a serviço dos mais necessitados, mas também uma forma de ecumenismo pastoral que pode abrir novos espaços e estruturas para o diálogo teológico”.
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Quando os luteranos vão ao encontro do papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU