05 Julho 2021
“Há muito que aprendermos, ou devo dizer: há muito que deveríamos ter aprendido. O aprendizado mais importante poderia ser que enfrentar uma pandemia preparados salva muitas vidas. Esta não é a primeira pandemia e certamente não será a última. Estar preparados não é um exercício para ser feito no papel; não é um exercício escolar, mas um verdadeiro desafio para construir capacidades e recursos desde o primeiro momento da emergência. Em segundo lugar, a chave para conter uma pandemia é uma ação firme e baseada em dados científicos. A desinformação resultou na perda de muitas vidas e agravou o impacto econômico negativo”. Essa é a opinião do Dr. David Barbe, estadunidense, presidente da World Medical Association, a associação médica mundial fundada em 1947 que agora reúne representantes de 115 nações e trata da formação e questões científicas, médicas e éticas.
A reportagem é de Fabrizio Mastrofini, publicada por Avvenire, 03-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Na quinta-feira, o Dr. Barbe participou do "webinar" sobre o tema das vacinas, organizado em conjunto com a Pontifícia Academia para a Vida e a Associação Médica alemã. Em setembro participará do congresso internacional da Pontifícia Academia para a Vida, especificamente convidado pelo Monsenhor Paglia (presidente da Academia) e pelo Chanceler Monsenhor Renzo Pegoraro, para refletir novamente sobre os desafios que a pandemia trouxe para as políticas públicas de saúde.
Barbe concordou em responder a Avvenire. E entre os temas que estão no centro das atenções, o Dr. Barbe coloca a hesitação vacinal. “Está em crescimento há mais de uma década, mas se tornou muito mais importante quando se trata da vacina Covid. Muitas razões são apresentadas, mas a maioria é baseada em informações falsas ou enganosas e não científicas. Alguns ficam satisfeitos em pensar que não ficarão doentes, outros têm pouca compreensão dos riscos. Mas há uma responsabilidade da ciência: devemos fornecer informações honestas, transparentes e compreensíveis sobre a vacina e seus riscos e benefícios. Devemos inspirar confiança nos benefícios da vacina”. E é aqui que entra em jogo o trabalho em equipe de médicos, cientistas e políticos.
“Os médicos são uma fonte de informação altamente confiável e estão em melhor posição para aconselhar os governos locais e nacionais sobre a resposta à pandemia. Os médicos sabem que a preparação e a resposta a uma pandemia é um trabalho de equipe. Médicos, hospitais, governos e organizações não governamentais devem trabalhar juntos. Isso comporta não apenas a distribuição da vacina, mas também adequados equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde e estruturas de atendimento para os pacientes. Os médicos devem ser incluídos no processo de tomada de decisão enquanto enfrentamos juntos esta pandemia”.
E exemplos disso existem: nos países do Sudeste Asiático - observa David Barbe - onde os conselhos científicos foram seguidos, as questões críticas foram administradas. Mas a pandemia é global e deve ser derrotada em todo o mundo. “Nossa resposta deve ser global, caso contrário permanecerá por muito tempo. E pode até piorar”. Então, quais são as medidas mais importantes a serem tomadas? O Dr. Barbe é muito claro a este respeito: “Em primeiro lugar, devemos partilhar os recursos, ou seja, as vacinas. Em segundo lugar, devemos nos empenhar para alcançar a cobertura universal sanitárias, tendo como referência os sistemas reais de saúde presentes nos diversos países do mundo. E é essencial se preparar para a próxima pandemia. Terceiro, os países em todas as regiões do mundo devem ser capazes de produzir vacinas, medicamentos e outros produtos médicos, pelo menos para atender algumas necessidades essenciais. E quarto: governos e sociedades devem estar preparados para enfrentar recessões econômicas temporárias, sem deixar grande parte da população exposta ao perigo de graves consequências econômicas e sanitárias”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“Não será a última pandemia: o mundo inteiro precisa produzir vacinas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU