26 Junho 2021
Nas próximas décadas, as mudanças climáticas transformarão drasticamente a vida no planeta, mesmo que os humanos consigam reduzir as emissões de gases do efeito estufa, conforme aponta dados preliminares do relatório preparado pelo Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas (IPCC), aos quais a agência AFP teve acesso.
A reportagem é publicada por RT, 25-06-2021. A tradução é do Cepat.
“O pior está por vir”, alerta o relatório, a análise mais intensa sobre o impacto do aquecimento global, não só na saúde dos seres humanos, mas no planeta em geral.
Os dados mais recentes demonstram que até mesmo se os humanos limitarem o aquecimento global abaixo de 1,5 grau, as mudanças “progressivamente mais sérias” e irreversíveis já estão em curso.
Segundo o relatório, “as decisões que as sociedades tomarem agora determinarão se nossa espécie prosperará ou, simplesmente, sobreviverá, no decorrer do século XXI”.
Entre as consequências quase iminentes, o relatório destaca a escassez de alimentos e de água, as doenças, as condições meteorológicas extremas, assim como os desastres naturais e a migração crescente.
Os especialistas lembram que as últimas perturbações climáticas mudaram o meio ambiente para sempre, aniquilando muitas espécies. No futuro, as taxas de extinção da fauna e da flora serão mil vezes mais altas do que antes do Antropoceno, período geológico caracterizado pelo impacto fundamental que as atividades humanas têm nos ecossistemas da Terra.
Até 2075, a mudança climática poderá reduzir a biodiversidade local em 75%. Ao passo que no oceano, as ondas de calor marinho serão mais frequentes e desaparecerão de 70 a 90% dos recifes de coral.
Altas taxas de emissões de gases podem levar ao desaparecimento de metade de toda a floresta amazônica e, consequentemente, a taxas de emissões ainda mais altas.
Embora muitos dos ecossistemas, hoje, estejam muito além de sua capacidade de se adaptar às mudanças, os cientistas argumentam que “a vida na Terra pode se recuperar da mudança climática drástica, evoluindo para novas espécies e ecossistemas”.
No entanto, não acontecerá o mesmo com os humanos, pois o impacto da mudança climática nas populações se manifestará no aumento nos números de migrantes por causa de doenças e desastres naturais, assim como pelas condições climáticas extremas, entre outros fatores.
Cerca de 1,7 bilhão de pessoas ficarão expostas ao calor extremo, enquanto que outras centenas de milhões a mais sofrerão um calor mortal, principalmente na África subsaariana e no Sudeste Asiático. A cada ano, 2,7 milhões serão deslocados por inundações e mais de 400 milhões de residentes urbanos serão afetados pela falta de água.
Como demonstra o relatório, um máximo de 80 milhões de pessoas ficarão expostas ao risco de fome.
No mapa que mostra o risco de seca, é possível observar que as regiões mais afetadas serão as da Europa e as da Ásia.
Fonte: RT
A jovem ativista ambiental Greta Thunberg disse à agência AFP que os dados preliminares do relatório do IPCC nos permitem “enfrentar a realidade” das mudanças climáticas.
A publicação do relatório está prevista para fevereiro de 2022.
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“O pior está por vir”. O mais intenso relatório do IPCC sobre as mudanças climáticas alerta para consequências iminentes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU