27 Mai 2021
"A revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília, comunica que está encerrando definitivamente suas atividades devido à falta de financiamento. (...)"
Deputado bolsonarista protocola projeto que extingue a Uerj. Disponível aqui.
Saiu do forno agora, a quem interessar possa.
Pesquisa Poder360, conduzida entre 24 e 26 de maio, com 2.500 entrevistas e margem de erro de dois pontos.
Desaprovam o governo do minúsculo: 59%, igualando o recorde anterior. Aprovam o governo do minúsculo: 35%, oscilando negativamente 1% da pesquisa anterior. A turma que não sabe caiu de 10% para 6%.
A coisa piorou um pouco pra ele, certamente como efeito da cobertura da CPI. Continuem batendo.
Sobre bufões trágicos. Pazuelo e outros.
No escrito intitulado "Servitude et grandeur militaires" Alfred de Vigny narra o encontro, num quarto qualquer de um palácio qualquer da França, do Papa Pio VII e Napoleão. Ao entrar no recinto o Pontífice, o imperador auto proclamado e auto coroado passeia como um caçador ao redor da poltrona em que o Papa se acomodara. Ameaças e ameaças são jogadas no ar. Cito diretamente Vigny: "o Papa, que até então não se movera, como se fosse estátua egipcia, levantou devagar a cabeça que estava levemente abaixada, sorriu melancólico, elevou os olhos e disse com um suspiro tranquilo, como se confiasse seu pensamento ao seu invisível anjo da guarda: 'Commediante!'". Bonaparte escuta, se enfurece e redobra as ameaças : "meu teatro é o mundo; o papel que nele desempenho é de ser senhor e autor; como comediantes tenho todos vós, Papas, Reis, Povos! E o fio pelo qual vos movo é o medo! – comediante...sabeis que seríeis apenas um pároco empobrecido se eu assim o desejasse?". Após os urros napoleônicos Paulo VII apenas replicou : "Tragediante!". (Vigny,,Oeuvres complètes, II, NRF, Bibliothèque de la Pléiade, 1948, pp. 632 e seguintes).
O mote teatral, antigo como a cultura política da Humanidade, serve naquele instante para marcar as posições de poder verdadeiro. Um usa o medo, a intimidação, as ameaças de força física, o ator Napoleão. Outro usa a capacidade de enfrentar perigos de modo confiante, pois sua fortaleza se escora nos milênios.
Quantos comediantes do poder, quantos tragediantes do poder passaram....e o sucessor de Pedro sempre com a paciência do verdadeiro poder !
O delírio do mando armado não se sustenta por milênios. Ele passa de mão em mão, muda de forma, mas sempre a sua base é o medo, a guerra, a tirania.
Antigamente os militares brasileiros liam. Ainda em 1960 Vigny era editado no Brasil pela ...Biblioteca do Exército. É o caso de Servidão e Grandeza Militares (Tradução de Paulo Ronai e Aurélio Buarque de Holanda). Hoje, poucos militares têm a formação histórica, literária, humanística dos que viveram nas Forças Armadas antes de 1964.
Pazuelo provavelmente nunca ouviu falar de Vigny. Mal escutou falar de Napoleão, menos ainda de Pio VII. Mas sem o saber, exerce o ofício de comediante, de bufão de outro comediante trágico, a quem obedece.
Sigamos porque, à semelhança de Pio VII, sabemos que os comediantes terminam seus dias sob vaias da Humanidade.
Quantos mais votos Bolsonaro teve em um determinado local, mais contamidos por covid-19 houve.
Um amigo jovem do FB me pergunta o que é Brain Drain. Respondi em vários textos que publiquei em revistas acadêmicas e para o grande público. Tempos atrás dei uma entrevista à Rádio da ONU sobre o assunto. Pena que a entrevista não ficou na memória da Internet. Falo do Brain Drain desde um encontro realizado em Belém do Pará, ainda sob o primeiro governo de Luis Inácio da Silva. Vivemos uma sangria de cérebros desde longa data. Hoje é uma hemorragia sem remissão em prazo médio. Brain Drain e privatização das universidades públicas, os dois seguem unidos. É por tal motivo que à palestra para os Reitores das Universidades Federais dei o título de "Brasil, o assassinato do Espírito".
"A Carta de 1988 proclama o princípio, ainda não regulamentado, da autonomia universitária. Se estabelece mesmo assim, de susto em susto, um sistema universitário e de pós-graduação. Matéria veiculada no Jornal da Fapesp, anos atrás, demonstra que o referido sistema pode emular o italiano, o francês, o inglês e outros. Após a perseguição da ditadura e com auxílio do CNPq, Capes, Fapesp e similares em outros Estados, laboratórios, bibliotecas, salas de aula brasileiras produzem pesquisas das humanidades às ciências e técnicas avançadas. Mesmo assim, mazelas da administração pública e da política trazem obstáculos, diminuem recursos financeiros e humanos. O Brain Drain suga nossos pesquisadores que se dirigem aos países que incentivam a ciência. É melancólico verificar que, na atual pandemia, nomes brasileiros lideram pesquisas internacionais. Não tiveram aqui os apoios requeridos para continuar seu labor".
Quando a ditadura de 1964 estava a 40 anos de sua existência, o regime civil era já oficial, a Fundação Casper Libero reuniu vários pesquisadores para analisar as suas marcas terríveis. Fui um dos convidados. No link abaixo os amigos encontrarão trabalhos excelentes. O meu tem como título "A missa negra de 1964". Nele discuto longamente o tema da disciplina na Igreja e nas Forças Armadas. Com o caso Pazuelo e a abertura do poder armado às polícias militares e às milicias, os fardados deveriam ter muita cautela: Bolsonaro acaba com a razão de ser das Forças Armadas. Se continuarem seguindo os delírios do nosso Papa Doc, logo elas cederão o lugar aos Tonton Macoute.
Revista de Pesquisa: Communicare - Edição Especial: 40 anos do Golpe de Estado de 1964. Disponível aqui.
Armandinho
A pneumologista Margareth Dalcolmo alerta que faltou proatividade e que o cancelamento de voos da Índia deveria ter sido feito há pelo menos três semanas: "É só uma questão de tempo"
Pesquisadora da Fiocruz diz que conter variante indiana é 'muito difícil'. Disponível aqui.
O jogo de mercado e da concorrência tem frutos estranhos. Agora a Coronavac "não tem eficácia", a da Pfizer é "menos eficaz" que a Astrazeneca, etc etc. O prejuízo de tais embates é evidente. Quem estuda ética e bioética conhece tais assuntos. Acho estranho, muito estranho, o afã de desqualificar vacinas concorrentes. E num momento em que no Brasil quase não existem vacinas, piora a receita do bolsonarismo. A indústria farmacêutica não é a fábrica angélica, mas o caminho tomado não exala bons fluídos químicos ou éticos.
O sonho é real!
A Academia Brasileira de Letras deverá ter Gilberto Gil ocupando uma das três cadeiras vagas da instituição.
Os membros que articulam a entrada do tropicalista consideram que a indicação para tê-lo na ABL será aprovada com folga.
#gilbertogil #abl #tropicaliaviva
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