04 Mai 2021
A ABRASCO e Anistia Internacional exigem apuração rigorosa dos fatos.
Nota publicada pelo portal Associação Brasileira de Saúde Coletiva - Abrasco, 03-05-2021.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), por meio dos Grupos Temáticos de Saúde LGBTI+ e Saúde e Ambiente, em conjunto com a Anistia Internacional Brasil, manifestam sua indignação e protesto, bem como prestam solidariedade aos (às) familiares, amigos (as) e colegas de Lindolfo Kosmaski, ativista das causas de gênero e diversidade sexual no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), encontrado brutalmente assassinado na noite do último sábado (1), no município de São João do Triunfo, no Paraná.
Lindolfo Kosmaski era professor, atuava junto ao Assentamento Contestado, na cidade da Lapa (PR), no Coletivo LGBT Sem Terra e nas Jornadas da Agroecologia. Ele participou da turma em Licenciatura em Educação no Campo da Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral (UFPR) com a Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA). Lindolfo também estava no mestrado, no programa Educação em Ciências e em Matemática da UFPR. Envolvido com questões de saúde, ambiente e da reforma agrária, sua pesquisa abordava as práticas culturais das benzedeiras com plantas medicinais.
Os(as) colegas professores(as) e educandos(as) da Licenciatura em Educação do Campo UFPR – Setor Litoral se manifestaram: “Lindolfo, um ser humano que defendia a vida e lutava pela educação pública de qualidade, por uma Educação do Campo que atendesse às demandas das comunidades. Um sonhador e construtor de uma sociedade onde possamos viver com justiça e liberdade!”
O MST divulgou uma nota, destacando “o seu compromisso de lutar por uma sociedade sem LGBTfobia e na construção de um mundo onde a vida e todas as formas de ser e amar sejam garantidas plenamente. O Sangue LGBT também é sangue Sem Terra.”
A vulnerabilidade e a violência que estão expostas pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, pessoas trans, intersexo e não binárias precisam ser enfrentadas com compromisso da sociedade e ações permanentes de espectro intersetorial. O estigma e a discriminação contra essas pessoas são questões que afetam a qualidade e a expectativa de vida. A homofobia e a transfobia são crimes muito frequentes no país e que, não raro, terminam em assassinato. Os dados de notificação de violência interpessoal e autoprovocada do Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAN) revelam uma parte significativa da gravidade.
Os movimentos sociais também denunciam a situação: no Dia Nacional da Visibilidade Trans (29/1), a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou em seu dossiê o fato de que em 2020 o assassinato das pessoas trans aumentou 41%, comparado ao ano anterior, e também que a maioria das vítimas fatais eram mulheres negras. É preciso compreender a violência de gênero e diversidade sexual nas suas intersecções, articulando os conceitos de raça/cor e etnia, classe e origem geográfica. É nesta direção que as pesquisas no campo da Saúde Coletiva também ratificam a urgência de ações de reconhecimento e justiça social junto a pessoas LGBTI+.
Maio é um mês de reafirmação das lutas contra as violências de gênero e diversidade sexual, com a data símbolo do dia 17, o Dia Internacional Contra a LGBTfobia. Nesse sentido a Abrasco e Anistia Internacional Brasil somam a voz, o compromisso e a mobilização e exigem apuração rigorosa dos fatos dentro do devido processo legal.
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Nota de indignação e solidariedade: assassinato de Lindolfo Kosmaski - Instituto Humanitas Unisinos - IHU