23 Fevereiro 2021
"Seria impossível pensar num diálogo cristão se admitirmos a exclusão de quem quer que seja, todos, absolutamente todos são dignos e necessitam de serem participes desse diálogo", escreve José Afonso de Oliveira, sociólogo formado pela PUC Campinas e professor aposentado da UNIOESTE.
Já Jesus nos ensinava que não há mérito em amar os que conhecemos, mas devemos amar a todos, estranhos, estrangeiros e diferentes, indistintamente. A maior prova disso está posta na parábola do bom samaritano, justamente um estranho é que tem compaixão da pessoa que está em estado de sofrimento.
Tudo isso nos leva a pensar e refletir na atual Campanha da Fraternidade que tem, neste ano, a força do ecumenismo. Este foi adotado oficialmente pela Igreja no Concilio Ecumenico Vaticano II, entendendo que é sim possível e desejável uma aproximação entre todas as igrejas cristãs. É nesse sentido que, a cada 5 anos, a Campanha da Fraternidade tem esse perfil ecumênico.
Mas a atual ao propor o diálogo com todos, cristãos ou não cristãos, avança para todos aqueles que estão marginalizados em nossa sociedade brasileira, como sejam os indígenas, afrodescendentes, e os de outras orientações e vivências sexuais fora de heterossexualidade. São pessoa, primeiramente e, por conta disso merecem ser tratadas e, mais do que isso, amadas sem qualquer tipo de restrição.
Seria impossível pensar num diálogo cristão se admitirmos a exclusão de quem quer que seja, todos, absolutamente todos são dignos e necessitam de serem participes desse diálogo.
Já nos ensina Enrique Dussel que o próximo é todo aquele que é diferente de mim mesmo e, por isso mesmo necessitando do meu reconhecimento como ser humano, tal qual, somos todos nós, independente de qualquer outra situação.
Pensemos que nesse caminhar quaresmal onde pretendemos realizar a nossa conversão total, metanóia, a Deus é preciso que isso seja refletido concretamente na atenção de todos aqueles que são diferentes por teremos práticas religiosas distintas, opções sexuais próprias e que, por isso mesmo, respeitando essas diferenças possamos ser capazes de um diálogo permanente que nos leve a amar a todas essas pessoas.
Claro está que isso exige uma mudança de mentalidade e, por conta disso, esse período quaresmal é indicado para a sua realização. Temos a obrigação de levarmos o amor a todas as gentes, independentemente de qualquer outra situação, por mais difícil que isso possa parecer.
Esse fato concreto de mantermos o diálogo com os diferentes é bastante exigente e, atualmente, cristãos, católicos ou não, mundo afora derramam o seu sangue em testemunho de Cristo e no amor aos outros, indistintamente, especialmente em áreas de conflitos religiosos existentes nos dias atuais, em várias partes do mundo. A Campanha da Fraternidade é o nosso caminhar, enquanto igreja, rumo à Páscoa da Ressurreição do Senhor.
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Dialogar sempre com os diferentes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU