15 Janeiro 2021
"É tempo de parar, pensar e aproximar pelo diálogo autoridades governamentais e empresários buscando um caminho de consenso sobre vários e diferentes aspectos necessários para mantermos segmentos produtivos necessários no Brasil", escreve José Afonso de Oliveira, sociólogo formado pela PUC Campinas e professor aposentado da UNIOESTE.
Com a globalização atual estamos vivendo uma mudança de época, momento em que tudo se transforma, é abandonado e novas situações são criadas. Mas esse é um momento de grande intensidade e sérios problemas.
Ainda na década de 80, do século passado, Manuel Castells nos lembrava as novas situações que estavam, embrionariamente, surgindo e tudo isso já causava grandes transtornos.
Ler Edgar Morin atualmente nos faz entender melhor tudo isso que está em andamento onde temos uma vida que está cheia de incertezas, cada vez mais, sempre maiores.
Penso que ler Domenico De Masi que trata especificamente nas mudanças nos setores produtivos industriais pela informatização que, rapidamente e em velocidade altíssima vai se implantando e temos o que agora está nos assombrando de uma forma bastante acentuada.
O setor da indústria automobilística foi impactado fortemente e os Estados Unidos com a sua indústria tradicional passa agora por momentos de substituição tentando conter os avanços procedentes da Coreia do Sul e da China. Prova disso é ver o que restou da cidade de Detroit, outrora um grande centro da indústria automobilística norte-americana.
Quando a Mercedes Benz informa que não vai mais produzir carros no Brasil, isso tem um impacto, mas os seus modelos de luxo, acessíveis à uma ínfima minoria de consumidores continuaram a ser comprados só que agora através da importação.
Mas o anuncio do fechamento da Ford aí o impacto é muito maior e bem distinto. Primeiramente essa multinacional norte-americana está no Brasil há mais de 100 anos sendo, de alguma forma, parte do nosso patrimônio nacional, detendo um grande filão no nosso mercado interno e nas nossas exportações.
Mas é inegável que seus modelos foram substituídos no Brasil pelas montadoras coreanas detentoras de grandes inovações tecnológicas e conseguindo conquistar um mercado através da sua qualidade, bom preço e segurança, ofertando uma garantia de fábrica de cinco anos e atendendo a todos os seus consumidores de uma forma séria e consequente.
Com essa perspectiva podemos também perceber que situação atual do Brasil, gerando grande insegurança de investimentos de alto porte não facilita mais a permanência de grandes empresas em nosso território. Infelizmente outras grandes empresas estão caminhando nessa mesma direção e os resultados será catastrófico para a nossa sociedade pois estamos perdendo a confiabilidade do grande capital internacional e, por conta disso, as restrições de investimentos e agora a retirada daquilo que outrora já foi aplicado no Brasil.
É tempo de parar, pensar e aproximar pelo diálogo autoridades governamentais e empresários buscando um caminho de consenso sobre vários e diferentes aspectos necessários para mantermos segmentos produtivos necessários no Brasil.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
As grandes transformações nos setores produtivos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU