09 Dezembro 2020
A viagem do papa ao Iraque nos dias 5 a 8 de março de 2021, berço do monoteísmo abraâmico, lugar para o qual João Paulo II não pode se dirigir no ano 2000 durante as suas peregrinações do Jubileu, deverá ser determinante para superar muitos obstáculos decorrentes da pandemia.
A reportagem é de Il Sismografo, 07-12-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A “pausa forçada de 2020”, verdadeira reviravolta na vida de bilhões de seres humanos por causa da pandemia, também atingiu duramente a pessoa e a fisicalidade pastoral do Papa Francisco. A Covid-19 impôs condições, regras e normas que limitam – e continuarão a limitar no futuro próximo – a convivência social, incluindo a dimensão religiosa.
As inúmeras medidas legislativas para combater ou diminuir o contágio pelo coronavírus prejudicaram, afetaram ou arranharam fortemente uma conduta característica e relevante do ministério petrino de Jorge Mario Bergoglio: a fisicalidade da sua pastoral. Pode-se dizer que a pandemia tirou o limitou fortemente, pelo menos por enquanto, a grande capacidade de “estar junto” do papa, necessidade que – como o próprio pontífice assinalou – se difunde pelo contato físico, já que o corpo de cada ser humano não marca apenas uma fronteira, mas também é uma verdadeira ponte sem a qual não se pode comunicar.
É visível e intensa a vontade do Papa Francisco, já lendária, documentada em quase oito anos de pontificado, no Vaticano e em todo o mundo (em 32 peregrinações internacionais), de abraçar e ser abraçado, ou seja, de selar o entendimento e o diálogo com a solidez do contato, particularmente com os mais frágeis.
Neste caso, como evidenciam e demonstram milhares de fotografias e vídeos, não se trata apenas de gestualidade – comportamento por si só importante – mas também de uma linguagem especial, a da ternura, das carícias, da superação dos limites que distanciam e separam os corpos.
Hoje, e há quase um ano, falta ao Papa Francisco a possibilidade de exercitar essa linguagem. A sua gestualidade, o seu modo de ser, a sua personalidade são realidades feridas a tal ponto que a fisicalidade pastoral do papa parece incompleta, e, portanto, o seu magistério – talvez com a exceção da encíclica Fratelli tutti – parece ser algo de incompleto para o povo de Deus.
A falta das multidões ao redor do papa desorienta particularmente as almas humildes e simples, necessitadas de uma proximidade imediata. Inclusiva e fraterna. Certamente, a própria pandemia e todas as desgraças e emergências, velhas e novas, que tornaram 2020 angustiante, contribuíram para essa espécie de “distanciamento social” entre o Papa Francisco e a gigantesca plateia – fiéis e peregrinos, crentes e não crentes – que o acompanha e ouve há anos.
Nada está perdido para sempre. Nada é irreversível. Novos tempos chegarão, e, portanto, será a hora do grande trabalho para ajustar e acelerar a reaproximação. Será mais do que possível e necessário, mas nada fácil.
O ministério petrino ao estilo de Bergoglio sofreu os contragolpes da pandemia, por isso, agora toda a comunidade eclesial é chamada a fazer a sua parte para voltar a caminhar, todos juntos.
Além do significado intrínseco da viagem do papa ao Iraque (março de 2021), lugar ao qual São João Paulo II não pode se dirigir no ano 2000, esta 33ª provável peregrinação internacional do pontífice poderia ser um importante momento de relançamento da pastoral de que falamos, e isso dará mais força e carisma à missionariedade evangélica além de todas as fronteiras. O mundo e os seus povos precisam da Igreja Católica, apesar das suas insuficiências e falhas.
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Papa Francisco atingido pelos efeitos colaterais da pandemia: a fisicalidade pastoral em risco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU