18 Novembro 2020
Serviços religiosos públicos foram suspensos ou restritos em vários países ao redor do mundo como um esforço para parar a disseminação do coronavírus.
E para os católicos em muitos países europeus – incluindo Irlanda, Inglaterra e França – isso significa não estar apto para estar reunidos para a Missa no Domingo.
Em razão disso, alguns frequentadores de igrejas pediram para seus párocos para fazer a Santa Comunhão disponível fora da celebração da Missa.
Mas a maioria dos teólogos católicos questionam a sabedoria dessa prática.
La Croix tratou desse assunto com o padre Cédric Burgun.
A entrevista é de Héloïse de Neuville, publicada por La Croix International, 17-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Alguns dos fiéis estão pedindo para o sacramento da Eucaristia ser sobre uma base individual, fora da Missa. Em que contexto isso pode ser feito?
A lei canônica justifica a distribuição dos sacramentos fora da Missa por um “motivo justo” ou “uma causa séria” que impediria de ser recebidos durante uma celebração.
Isso é interessante porque traz novamente a noção do discernimento dos fiéis e dos pastores sobre o que é uma ocasião justa para dar e receber esse sacramente em circunstâncias extraordinárias.
Quando a lei canônica não é feita por si só, nós precisamos nos preocupar em determinar regras que não são nem tão restritas e nem tão genéricas para essa prática.
Desse ponto de vista, aqueles que defendem a distribuição da comunhão individualmente, e aqueles que se opõem fortemente jogando anátemas em seus rostos, são um pouco angustiantes.
Por que a Missa é o momento mais apropriado para receber a Eucaristia?
O Magistério insiste em que a participação mais perfeita na Eucaristia aconteça durante a Missa. Há duas razões para isso.
Em primeiro lugar, há uma questão de significado.
A Missa, pelo seu desenrolar e pela sua liturgia, permite uma melhor compreensão do sacrifício da cruz, perpetuado na Eucaristia, especialmente graças à liturgia penitencial e à Liturgia da Palavra.
Tudo isso nos prepara e nos conduz ao mistério da cruz e da ressurreição.
A segunda razão é o aspecto comunitário da Eucaristia.
A celebração dos sacramentos é, por natureza, comunitária; nunca se celebra sozinho.
No plano teológico, que questões são levantadas pela recepção do sacramento da Eucaristia fora da Missa?
Pode levar a mal-entendidos e à formação de falsas opiniões sobre o que é a Eucaristia.
Por um lado, o risco seria desvalorizar a importância da unidade da celebração global, na qual a Eucaristia se realiza por meio da Liturgia da Palavra, da homilia, da própria Oração Eucarística e, finalmente, do seu aspecto comunitário.
Por outro lado, esta distribuição individual, isolada da Missa, pode levar a comprometer a preparação espiritual que a recepção deste sacramento requer: processo penitencial, jejum eucarístico, confissão em caso de pecado grave, etc.
Essas condições permanecem para receber a Eucaristia, mesmo que mude o modo de recepção.
Acima de tudo, não quero julgar os meus irmãos sacerdotes nas práticas pastorais que implementam, mas é legítimo questionar a imagem que damos da Eucaristia, invocando esta distribuição dominical fora da Missa.
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Durante o lockdown litúrgico, católicos querem “Eucaristia on demand” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU