A "virada histórica" do Papa nas uniões civis é apenas o ponto de partida

Foto: Vatican News

Mais Lidos

  • Cristo Rei ou Cristo servidor? Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • Dois projetos de poder, dois destinos para a República: a urgência de uma escolha civilizatória. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • “Apenas uma fração da humanidade é responsável pelas mudanças climáticas”. Entrevista com Eliane Brum

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

23 Outubro 2020

"Uma posição importante, sem dúvida, para os católicos LGBT, que sofrem com a dilacerante cisão da dupla pertença, e também para as comunidades LGBT perseguidas naqueles países - como a Polônia - onde as autoridades católicas apoiam sua repressão. No entanto, não se pode ignorar as contradições apresentadas por Bergoglio nos últimos anos, que chegou a comparar a suposta ideologia de gênero ao nazismo e ao fascismo", escreve Jonathan Bazzi, em artigo publicado por Domani, 22-10-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o comentário.

Na quarta-feira no Rome Film Fest, foi exibido o documentário de Evgeny Afineevsky em que o Papa Francisco fala a favor das uniões homossexuais. Nessas horas, há quem comemora e quem minimiza.

Ponto de virada histórico? Saída tardia?

Não se pode negar a importância da postura do pontífice, embora se trate de frases descontextualizadas e gravadas há um ano, em espanhol, um discurso, enfim, com coordenadas não inteiramente claras. Uma posição importante, sem dúvida, para os católicos LGBT, que sofrem com a dilacerante cisão da dupla pertença, e também para as comunidades LGBT perseguidas naqueles países - como a Polônia - onde as autoridades católicas apoiam sua repressão.

No entanto, não se pode ignorar as contradições apresentadas por Bergoglio nos últimos anos, que chegou a comparar a suposta ideologia de gênero ao nazismo e ao fascismo, ou quando falou da necessidade de recorrer à psiquiatria para crianças que manifestam tendências homossexuais.

A partir de agora, portanto, abre-se um espaço no qual, para que a situação possa mudar, devem haver atos mais concretos e posições mais coerentes, um espaço em que se possa assistir a uma verdadeira transformação dos valores que inspiram o mundo católico e de sua influência sobre a política e sobre a sociedade civil.

A comunidade LGBT colhe esse resultado positivo, mas permanece no limiar, alerta, na consciência de que a partir de hoje o fundamentalismo católico não pode deixar de levar em consideração essas palavras de Bergoglio, mas o trabalho a ser feito, por quem se preocupa com a igualdade e os direitos civis, ainda é muito.

Leia mais