Alarme: máscaras no mar, mais de 160 mil toneladas de dispositivos anti-covid produzidos em 2020. Correm o risco de serem dispersos no meio ambiente

Foto: Pexels

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

18 Setembro 2020

"Se apenas 1% das máscaras utilizadas em um mês fossem descartadas de forma incorreta, seriam 10 milhões de máscaras por mês dispersas no meio ambiente”. O alerta do Ispra, o Centro Superior de Proteção e Pesquisa Ambiental, torna-se ainda mais vinculante com a retomada das escolas, que vão produzir mais 11 milhões por dia para serem descartadas, recomendam os especialistas do Istituto Superiore di Sanità e do ministério do Meio Ambiente, no lixo geral.

A reportagem é de Carlo Ferraioli, publicada por Business Insider, 17-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Conforme relatado por Il Sole 24 Ore, a associação francesa Opération Mer Propre (Operação Mar Limpo) estima que as águas são povoadas "mais por máscaras do que por águas-vivas". A solução para o problema seria incinerar, como recomendam as empresas de limpeza urbana. As máscaras usadas devem ser jogadas no lixo geral e não em coletores seletivos, para que o destino seja o incinerador. Mas “infelizmente, os incineradores não são suficientes, principalmente no Sul onde são uma raridade e consequentemente um grande volume de resíduos não é destruído, mas acaba em aterros ou, pior, se dispersa no meio ambiente”, alerta Chicco Testa, especialista em ecologia e presidente da Assoambiente.

“A estimativa considerada para 2020 não se refere aos dispositivos dispersados porque não poderíamos medi-los, mas aos produzidos. Estamos confiantes de que grande parte disso não acabe dispersa. Avaliamos os vários tipos de máscaras com um peso médio de 11g. Até o momento estamos abaixo dos valores apurados em maio, portanto, na faixa inferior da faixa, entre 160 e 440 estamos certamente mais próximos de 160 mil toneladas. O problema é que há regiões onde não existem usinas de incineração, então os dispositivos antiCovid deveriam ser transferidos para outro lugar”, afirma Valeria Frittelloni, responsável pelo Centro Nacional de Resíduos e Economia Circular do Ispra.

Entre setembro e outubro de 2019, a planta de geração de energia a partir de resíduos de Acerra, na província de Nápoles, ficou fechada por 35 dias para manutenção de rotina em uma turbina. A suspensão do serviço gerou uma emergência de resíduos na região com cerca de 70 mil toneladas a serem realocadas. Não só a capital, também as províncias de Salerno, Benevento, Avellino e Caserta tiveram que enfrentar uma situação anômala com inúmeros momentos de confronto entre instituições, comitês, cidadãos. No final o problema foi resolvido, mas com um alto preço para a saúde: o risco é ver outros fogos queimando entre os contêiner do lixo e desta vez não só no Sul, mas "indicações precisas foram dadas de região para região pelo Estado, o problema das usinas, portanto, deveria estar resolvido”, garante a gerente.

Alessandro Bratti, diretor do Ispra, durante audiência parlamentar explicou “que a quantidade adicional de resíduos representada por esses dispositivos de proteção não é um problema de destruição, mas de colocação, ou seja, devem ser enviados para incineradores ou usinas de produção de energia a partir de resíduos. Esses objetos devem ser queimados, não espalhados”.

No levantamento de Jacopo Giliberto no Il Sole 24 Ore constata- se também que o verdadeiro problema, segundo as empresas do setor de resíduos, seria a gestão da segurança de quem trabalha em contato com o lixo e dos funcionários das empresas coletoras urbanas”. que devem ser capazes de trabalhar com segurança com máscaras eficazes e luvas de boa proteção”.

Segundo estudo publicado pela revista Biofuels do grupo Taylor & Francis, editora com sede no Reino Unido, o plástico das máscaras poderia ser reciclado para produzir biocombustível. “Acho que para reciclagem seria preciso primeiro separar, senão como fazer? O problema é garantir que as máscaras e todos os dispositivos não sejam contaminados, mas a população não é monitorada tão de perto que isso possa ser descartado. Além disso, estamos falando de objetos, então tudo é possível, até uma eventual reciclagem”, finalizou Valeria Frittelloni.

Leia mais