02 Setembro 2020
O padre José Gabriel Funes, ex-diretor do Observatório do Vaticano, publicará os resultados de uma pesquisa no jornal Astrobiologia de Cambridge. Propondo um novo método de trabalho para contactar as civilizações extraterrestres.
A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada por Huffington Post, 01-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Uma nova forma de tentar se comunicar com os alienígenas, foi estudada pelo padre José Gabriel Funes, astrônomo argentino, jesuíta, e até 2015 diretor do Observatório do Vaticano, o observatório astronômico da Santa Sé. Isso não é uma brincadeira, mas uma pesquisa muito séria. Os resultados serão publicados na edição de outubro de 2020 do jornal de Astrobiologia da Universidade de Cambridge.
Funes e os outros dois autores do estudo (Lares e Gramayo) chegaram à conclusão de que a melhor forma de entrar em contato com uma civilização extraterrestre seria alterando os programas SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre, o primeiro foi lançado pela NASA na década de 1970). Funes e seus co-autores se propõem a não mais se basear na pesquisa da equação de Drake (introduzida em 1961), mas no método matemático aleatório “Monte Carlo”, que é capaz de estimar a probabilidade de contatos casuais entre civilizações extraterrestres em nossa galáxia. Nessa perspectiva, o fator tempo é a chave de tudo, pois as mensagens estão sujeitas à lei de Einstein: a velocidade máxima que pode existir tem um limite, a velocidade da luz. Nada pode ir mais rápido.
Por exemplo, uma mensagem de uma civilização que estivesse a 500 anos-luz da Terra precisaria de uma civilização de duração de mil anos para ter uma primeira troca de sinais. Meio milênio para chegar até nós e, supondo e não garantido que pudéssemos responder instantaneamente, mais meio milênio para que eles pudessem ouvir a nossa resposta. De acordo com a nova simulação matemática, um dos resultados alcançados é que o momento de maior probabilidade de receber um sinal é o momento em que o receptor está conectado. Infelizmente, “o curto intervalo entre a ascensão e queda das civilizações, em comparação com a extensão de nossa Galáxia, é um limite fundamental para o número de contatos possíveis”.
Existe vida extraterrestre? Como diretor do Observatório do Vaticano, Funes já afirmou que a existência de vida extraterrestre é uma teoria científica que merece ser considerada. Essa foi uma das conclusões de uma conferência de 2009 da Pontifícia Academia das Ciências da Santa Sé.
Também seu sucessor, ainda no cargo, o irmão jesuíta Guy Consolmagno, um estadunidense que passa grande parte de seu tempo em um observatório astronômico da Santa Sé no Arizona (o de Castel Gandolfo para fins de pesquisa avançada praticamente já não serve mais, devido a poluição luminosa da Capital), deu a entender que acreditava em E.T. e que um E.T. poderia potencialmente ser batizado, tornando-se cristão e declarou publicamente que o Papa Francisco estava interessado em astrofísica e em um meteorito que caiu na Argentina.
Aliás, os jesuítas estão na vanguarda da pesquisa astronômica desde o século XVII (o acervo histórico ainda está guardado no Liceo Visconti de Roma, sede do Colégio Romano, nos fundos da Igreja de Sant'Ignazio). A nova pesquisa de Funes, dando tanta importância ao fator tempo, e considerando as enormes dimensões da Via Láctea, no entanto, ressalta que o tempo de vida de uma civilização inteligente acaba sendo de uma magnitude muito limitada para enfrentar a viagem de nossa "mensagem" e de sua resposta. Mas agora, com o novo método matemático, temos algumas chances a mais.
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Um jesuíta argentino estuda novas formas de se comunicar com E.T. - Instituto Humanitas Unisinos - IHU