15 Julho 2020
O declínio constante no número de candidatos ao sacerdócio faz com que os bispos repensem a estrutura atual.
A reportagem é de Gwénaëlle Deboutte, publicada por La Croix International, 14-07-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“O número de candidatos ao sacerdócio católico passou de 594 em 2011 para 211 atualmente”, disse Heinrich Timmerevers, bispo de Dresden-Meissen.
Devido a esse declínio constante, os bispos católicos da Alemanha, nos últimos anos, vêm pensando em como podem aperfeiçoar a formação dos futuros padres.
Timmerevers, 67 anos, é copresidente do grupo de trabalho da Conferência dos Bispos da Alemanha (DBK) sobre o assunto. No dia 23 de junho, esse órgão apresentou uma proposta para concentrar a formação em um número reduzido de dioceses.
Concretamente, os seminários propriamente ditos seriam estabelecidos em apenas três cidades: Mainz, Munique e Münster.
Os cursos preparatórios serão realizados em Friburgo e Bamberg, enquanto a formação pastoral será dividida entre Paderborn, Erfurt, Rottenburg-Stuttgart e uma cidade da Baviera que ainda não foi decidida.
Isso deixaria apenas nove locais de formação, em oposição aos cerca de 20 atuais.
“A reforma acabaria com as estruturas estabelecidas há muito tempo”, disse Timmerevers, que foi bispo auxiliar de Münster durante 15 anos, antes de o Papa Francisco o nomear para o seu cargo atual em 2016.
“Mas são necessárias novas abordagens para preparar os padres para seus futuros desafios profissionais. Será difícil satisfazer a todos”, disse o bispo, ex-vice-reitor de seminário.
De fato, a DBK tem sofrido críticas intensas desde que o plano foi anunciado. Não é de se surpreender que as dioceses que não figuram na nova estrutura exprimam desaprovação.
O Pe. Jan Roser, vice-provincial da Companhia de Jesus na Alemanha, expressou surpresa pelo fato de o Colégio de Filosofia e Teologia Sankt Georgen, administrado pelos jesuítas, em Frankfurt, “não estar listado como um local de formação, embora receba candidatos ao sacerdócio de nove dioceses”.
O mesmo vale para a cidade de Erfurt, que fazia parte da antiga Alemanha Oriental. Apesar de cooperar com outras cinco dioceses, seu centro de formação também seria eliminado no novo plano.
“Trinta anos após a queda do Muro, este não é um sinal encorajador de solidariedade para a antiga República Democrática Alemã”, reclamou Dom Gerhard Feige, bispo de Magdeburgo.
“Além disso, todas as faculdades teológicas se beneficiariam se se inspirassem no currículo da Diocese de Erfurt. Estamos cumprindo a nossa missão de evangelização na região da Alemanha onde a secularização é mais forte, em que mais de 80% da população não têm nenhuma conexão com a religião”, disse ele.
“Portanto, a nossa experiência é importante para ajudar os padres a se familiarizarem com o desenvolvimento da sociedade”, argumentou o bispo de 68 anos, ex-professor de teologia em Erfurt.
As universidades temem que a perda dos seminários e das casas de formação empobreça todo o ensino da teologia.
“As Igrejas são atores de pleno direito na vida social”, disse Johanna Rahner, professora de Dogmática e Teologia Ecumênica na Universidade Eberhard Karls, em Tübingen.
“Junto com os padres, cerca de 17.000 alunos estão estudando teologia. Eles farão parte da equipe pastoral que estará envolvida em batismos, funerais, casas de repouso e assim por diante”, disse ela.
“Também há professores de cursos de religião, o que contribuem para fortalecer o diálogo inter-religioso. A teologia católica deve ser mantida presente em todo o panorama universitário, em tantos lugares e em tantos contextos regionais e sociais quanto possível”, afirmou a professora.
De sua parte, Dom Georg Bätzing, bispo de Limburgo, presidente da Conferência Episcopal, procurou acalmar a polêmica.
Ele disse que a proposta sobre os seminários era apenas um prelúdio para a discussão, apontando que nenhuma decisão foi tomada até agora.
Sem dúvida alguma, a discussão será animada.
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Alemanha: plano para diminuir número de seminários divide bispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU