08 Julho 2020
A Associação das Superioras Gerais Maiores das Filipinas – AMRSP, na sigla em inglês, condenou uma alta representante do governo que acusou uma conhecida ativista religiosa de supostamente conspirar com terroristas.
A reportagem é publicada por UCA News, 07-07-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Na semana passada, a subsecretária de comunicação para a presidência das Filipinas, Lorraine Badoy, acusou a irmã beneditina Mary John Mananzan de ser uma “aliada de longa data” de bandidos comunistas.
“Essa acusação sem base alguma contra uma ativista, feminista, defensora dos direitos humanos e teóloga de longa data põe a segurança dela, bem como o seu bem-estar, em perigo”, diz a AMRSP em nota publicada no dia 6 de julho.
As superioras também consideraram os comentários de Badoy imprudentes e maliciosos, acrescentando que eles podem desencadear ataques on-line e off-line por parte dos que querem silenciar os críticos e dissidentes de Duterte.
Os ataques de Badoy contra a Irmã Mananzan vieram após a reação, da religiosa, contra a condenação, emitida em um tribunal de Manila, da conhecida jornalista Maria Ressa e do editor de notícias Reynaldo Santos, Jr.
Em uma postagem nas mídias sociais, a religiosa considerou a condenação um ataque contra a liberdade de imprensa. Ela também criticou a juíza, que fora aluna de uma escola católica pertencente à sua própria congregação.
“Independentemente do sucesso que tenha alcançado, fico sentida porque que você fracassou enquanto alguém que se formou em uma escola beneditina. Serve de consolo o fato de que Maria Ressa também é uma de nossas ex-alunas”, escreveu em sua postagem a Irmã Mananzan.
Em resposta, Badoy foi às redes sociais para dizer: “Por que Mary John Mananzan é uma aliada tão próxima de um grupo [de comunistas] que já trouxe a este país tanta dor e destruição, e que tem, como objetivo principal, derrubar o governo?”.
Mary John Mananzan foi presidente da AMRSP. Ela também é conhecida como uma destacada ativista política e feminista.
Segundo a nota, a “Irmã Mary John, OSB, tem assumido posições de vanguarda em temas da Igreja e da sociedade, mas de forma alguma isso significa ajudar ou favorecer os inimigos do Estado”.
“Nós, em nossa associação, levamos muito a sério esse mais recente ataque a uma companheira religiosa. Estendemos a nossa solidariedade e o nosso apoio inabalável à Irmã Mary John Mananzan, OSB, e a todos os que foram acusados, perseguidos, presos pelos inimigos da verdade, da justiça e da paz”.
Nesse meio tempo, a AMRSP divulgou uma segunda nota em que acolhem as petições apresentadas junto à Suprema Corte, as quais desafiam a constitucionalidade de uma nova lei antiterrorismo cujas disposições vagas podem levar a abusos dos direitos humanos, segundo os críticos.
“Temos a confiança de que os bons homens e mulheres desta mais alta corte do país estarão orientados pelo bem comum e pela Constituição filipina”, diz o texto divulgado pelo grupo.
As superioras religiosas pediram que a Suprema Corte fique do lado do bem comum na determinação dos méritos das petições apresentadas contra a nova lei.
“Imploramos aos juízes que, nestas nuvens de escuridão, a luz do Estado democrático de direito e, em última instância, da justiça brilhe sempre mais”, lê-se no texto da AMRSP.
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Filipinas. Superioras religiosas apoiam irmã “comunista” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU