03 Julho 2020
Dez irmãs religiosas alemãs tornaram públicas suas reivindicações de poder celebrar a eucaristia. Pertencentes ao grupo “Mulheres Religiosas pela Dignidade Humana”, formada no outono de 2018, deram a conhecer os desafios que se apresentaram no contexto da pandemia do coronavírus e que motivaram sua petição.
A reportagem é de Lucía López Alonso, publicada por Religión Digital, 02-07-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Como informou catch.ch, as religiosas viveram em sua comunidade a alternativa real de celebrar missa na ausência de padre, ao proibir as celebrações com celebrante externo.
A conjuntura as levou a refletir sobre a desigualdade entre mulheres e homens consagrados no acesso à celebração eucarística: “Uma superiora tem direito à direção espiritual de uma comunidade, mas não para presidir a celebração da Eucaristia. Que imagem de congregação, do padre e da mulher estão por trás de tudo isso?” , questionam. “Isso mostra a extrema dependência que têm as mulheres religiosas de um homem consagrado”.
Do mesmo modo, a crise da saúde e as privações provocadas fizeram-nas pensar não apenas no “desequilíbrio da Igreja Católica” em questões de gênero, mas também na natureza dos sacramentos: “a Eucaristia é um alimento comum ou exclusivo, reservado ao sacerdote ordenado? As regras e regulamentos não restringem muito o entendimento dos sacramentos?”.
Convencidos de que essa “transformação” vivida na Eucaristia não pode ser ligada apenas a um homem consagrado, eles propuseram que o debate sobre o sacerdócio feminino fosse reaberto. “Eu não estava mais no papel de ouvinte, que só pode participar com respostas padronizadas. Essa experiência tão diferente me fez muito bem”, disse uma das freiras, falando sobre as celebrações sem padres que tiveram nesses meses, somente entre elas. Todas reconheceram que a pandemia gerou um aumento real na profundidade espiritual de sua vocação religiosa.
Contando que sua demanda não é bem-vinda em alguns setores da Igreja, elas manifestaram a determinação em “buscar seriamente respostas habitáveis e convincentes”. “Não há como voltar atrás”, garantiram.
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“Para nós, não há como voltar atrás”. Dez religiosas alemãs pedem poder celebrar a eucaristia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU