As obsessões virais dos católicos reacionários

Foto: Pixabay

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

19 Junho 2020

"A condenação do contágio une todas as religiões e, em particular, todos os fundamentalismos. Responde ao medo de se misturar com o estranho, o seguidor de um outro deus, o correligionário morno, o pecador, o mundo e, assim, perde a pureza".

O comentário é de Iacopo Scaramuzzi, publicado por Revista Jesus, 18-06-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Se "Deus pune os pecados sociais com os flagelos das doenças" (Roberto De Mattei) e a pandemia é a prova de que Seu desejo é "nos corrigir por nossos vícios e pecados” (Istituto Plinio Correa), é claro que o Coronavírus deve ser combatido com arrependimento, não com ciência, que responsabilidades e distanciamento social não servem, é necessário o milagre. E os líderes da Igreja que inopinadamente deixam entender "que é a miséria material (e não mais o pecado) que causa a miséria moral" (Ettore Gotti Tedeschi) mostra uma rendição às "modalidades de imposição iliberais" do lockdown que "preludiam de modo preocupante a realização de um governo mundial fora de qualquer controle" (monsenhor Carlo Maria Viganò).

O florilégio dessas semanas mostra um catolicismo reacionário alarmado pelo vírus quanto pela modernidade. O tema merece uma digressão. A condenação do contágio une todas as religiões e, em particular, todos os fundamentalismos. Responde ao medo de se misturar com o estranho, o seguidor de um outro deus, o correligionário morno, o pecador, o mundo e, assim, perde a pureza. É um viático para a salvação, garantia de um contato exclusivo com Deus, explicação para tantos sacrifícios. Pressupõe uma teologia de imunidade e da pureza que se sobrepõe aos laços de sangue. E que Jesus Cristo contesta desde a raiz, sendo acompanhado por prostitutas e cobradores de impostos, perdoando o pecado mais imperdoável, pregando uma irmandade que ultrapassa as fronteiras étnicas, familiares e até religiosas. Uma "teologia do contágio" que se reflete no pontificado de Francisco. Mesmo quando, no meio de uma pandemia, abraça as restrições do estado, os conselhos da ciência, a prudência de muitos que são, juntos, fiéis e cidadãos.

Leia mais