06 Mai 2020
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) lançou, no final de abril, a campanha “Sair das Sombras”, e editou materiais com recursos práticos e espirituais dirigidos a pastor@s, educador@s e líderes de Escolas Dominicais com o intuito de ajudar comunidades a criar um mundo mais seguro para a infância.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A campanha quer sensibilizar lideranças quanto ao risco da violência e prover respostas de proteção às crianças, em especial no contexto de confinamento devido à pandemia do covid-19. “Nesses dias de preocupação com a saúde mundial, não devemos esquecer os meninos e as meninas”, disse o secretário-geral em exercício do CMI, reverendo Dr. Ioan Sauca.
Um projeto piloto da campanha foi aplicado por igrejas da Tanzânia, Nigéria, Índia, Indonésia e Filipinas, com o objetivo de estabelecer as melhores ferramentas e planos de ação nacional em resposta às questões trazidas pela pesquisa “Out of the Shadows Index”, realizada pela Unidade de Inteligência da revista The Economist. A pesquisa apresenta um índice que avalia como os atores nacionais de 60 países abordam a exploração e o abuso sexual infantil.
A cartilha, que dá sustentação à campanha, encara um tema difícil de trabalhar no contexto religioso: o impacto do abuso sexual infantil e a proteção a danos. No estudo bíblico, ela se reporta à triste história de Tamar, a formosa filha do rei Davi que foi violada pelo seu meio irmão Amnom. A história consta no segundo livro de Samuel (capítulo 13), que narra também a raiva de Absalão, outro filho do rei, que matou Amnom dois anos depois por causa abuso cometido contra a irmã. Samuel narra como Davi se omitiu e não confrontou Amnom.
Se a história de Tamar é a narrativa triste da cartilha, ela destaca, contudo, o ministério de Jesus em relação às crianças, que tratou-as com o maior respeito. Aos discípulos que tentavam impedir que infantes se dirigissem ao mestre, Jesus repreendeu: “Deixai vir a mim os pequenino e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Marcos 10,14). Ou a advertência “qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar” (Mateus 18,6).
As crianças, indica a cartilha, “foram fundamentais para a nova ordem social que Jesus iniciou. Ao abençoar e impor as mão sobre elas, Jesus recebeu-as como pessoas. Ele lhes deus status, respeito, tempo e dignidade”. Assim, “todo crist@o tem o dever de ajudar as crianças, e dar o apoio necessário para crescerem num ambiente amoroso e atencioso, livre do medo”, aponta o texto.
A cartilha lembra que a Bíblia é explícita: a igreja precisa ser um local de refúgio, onde tod@s se sintam segur@s, bem-vind@s e haja confiança. “Se mostrarmos às crianças que tratamos @s outr@s com respeito, é mais provável que elas cresçam respeitando @s outr@s. Se ensinarmos a elas que não há problema em tratar @s outr@s com desrespeito, elas estão aprendendo desde cedo que esse é um comportamento ‘normal’”, assinala o texto.
Por isso, enfatiza a cartilha, a igreja é responsável por defender não apenas os ensinamentos de Jesus, mas também servir de exemplo como pessoas devem agir em relação a@s outr@s.
A cartilha está disponível, em inglês, aqui.
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Cartilha enfatiza apoio às crianças em tempos de pandemia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU