MPF pede direito de resposta de indígenas em live de Bolsonaro

Bolsonaro em Live no Facebook. | Foto: Reprodução

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

12 Março 2020

Ação critica declarações do presidente que discriminam indígenas e pede publicação de carta do povo Waimiri-Atroari.

A reportagem é de Victor Ohana, publicada por CartaCapital, 11-03-2020.

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública em que pede direito de resposta do povo indígena Waimiri-Atroari no site da presidência da República e nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro, como na tradicional transmissão ao vivo no Facebook.

A representação tramita na 3ª Vara Federal do Amazonas e foi apresentada contra a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai). O texto cita “constantes discursos desumanizantes e discriminatórios proferidos por autoridades do atual governo federal contra os modos de vida indígenas”.

O documento elenca as declarações em que Bolsonaro chamou indígenas de “pré-históricos”, disse que vivem em “zoológicos” e que são manipulados por organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras.

Outros discursos mencionados são atribuídos ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e à presidência da Funai.

O MPF diz que declarações como essas provocam danos concretos a essa população e lembra do episódio em que o deputado estadual Jeferson Alves (PTB-RR) usou uma motosserra para derrubar o bloqueio de controle do acesso à estrada que corta a Terra Indígena Waimiri Atroari, no fim de fevereiro.

“O episódio mostra como o discurso parcial e contrário aos povos indígenas, associados a políticas enviesadas e à falta de preocupação com os ritos e procedimentos legais, favorecem um discurso de ódio e práticas violentas contra os grupos étnicos ou contra os seus territórios”, diz o MPF.

A ação argumenta que o discurso é violento porque, ao associar indígenas que têm outros modos de vida à pré-história e à manipulação por estrangeiros, tenta impor uma única visão sobre os modos de vida dos povos indígenas, ao sentenciar que “eles querem ser como nós” e que precisam adquirir um modo específico de vida.

O MPF pede que o direito de resposta dos indígenas deve se dar por meio de uma sequência de tuítes em que conste a íntegra da carta feita por membros da comunidade, que deve ficar fixada no topo do perfil durante o prazo de um ano.

Já o direito de resposta na “livedo Facebook deve ocorrer com a participação dos Waimiri-Atroari em três transmissões consecutivas do presidente da República, ocupando, pelo menos, um quarto do tempo total de cada transmissão.

O texto pede também que a presidência da República e os ministérios publiquem uma carta em que orientem que nenhuma autoridade incite ou encoraje a discriminação racial.

 

Leia mais