Aos 90 anos morre o filósofo italiano Emanuele Severino

Emanuele Severino. Foto: Radio Audizioni Itália | RAI

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22 Janeiro 2020

O filósofo italiano Emanuele Severino, um dos intelectuais mais reconhecidos a nível internacional, faleceu em sua cidade natal, Brescia, norte da Itália, aos 90 anos de idade, informaram, na terça-feira, 21-02-2020, os jornais locais. O pensador morreu em 17 de janeiro e já foi cremado em uma cerimônia privada, porém a notícia não havia sido dada até esta terça, seguindo a própria vontade de Severino de difundi-la somente três dias depois, de acordo com as fontes.

A informação é publicada por Deutsche Welle, 21-01-2020.

Severino nasceu em 26 de fevereiro de 1929, era considerado um dos grandes filósofos e intelectuais em vida e centrou sua tese no tema da verdade do ser, a morte, a eternidade e Deus. Graduado em Filosofia, em 1948, na Universidade de Pavia, com uma tese sobre Martin Heidegger e a metafísica, muitos de seus trabalhos também abordaram a história do pensamento ocidental desde o ponto de vista religioso, científico e filosófico.

Suas posições ateias, que excluem conceito como o “Além” ou a salvação, colidiram com a Igreja Católica. Severino era docente de Filosofia Teórica desde 1954, na Universidade Católica de Milão, porém seu posto começou a perigar depois da publicação em 1962 de “Studi di filosofia della prassi”, em cujas páginas sustentava que a fé era uma contradição.

Sua posição na Universidade se complicou ainda mais com a chegada dos seus textos “Ritornare a Permanide” (1964) e “Poscritto” (1965), nos quais aponta que o cristianismo é “parte da alienação essencial” do Ocidente. O Santo Ofício do Vaticano, agora conhecido como Congregação para a Doutrina da Fé, estudou detidamente seus textos e em 1970 decidiu afastá-lo da docência ao vê-los como “incompatíveis” com a doutrina católica.

“Critica desde a raiz a concepção da transcendência de Deus e os princípios fundamentais do cristianismo como talvez nunca tenham feito o ateísmo e a heresia”, escreve então o consultor do Santo Ofício, Cornelio Fabro. Depois de sair de Milão, Severino trabalhou como professor de Filosofia Teórica entre 1970 e 2001 na Universidade de Veneza, onde ficou como professor emérito.

Entre as dezenas de livros que escreveu, traduzidos a vários idiomas como o espanhol, o inglês e o português, estão “Il declino del capitalismo” (1993), “La filosofia dai Greci al nostro tempo” (1996), “Dall’Islam a Prometeo” (2003) ou “Nascere, e altri problemi dela coscienza religiosa” (2005), entre outras grandes coleções. Sua trajetória rendeu-lhe numerosos reconhecimentos como o Prêmio Internacional Friedrich Nietzsche, o título de Cavalheiro da Grã-Cruz e a Medalha de Oro da República Italiana por sua contribuição à cultura.

Era casado desde 1951 com a professora Violetta Mascialino, com quem teve dois filhos, Federico e Ana.

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