Degradação ambiental e classes sociais

Poluição do ar. | Foto: Unsplash

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

11 Janeiro 2020

"Tomando como base o Brasil, as classes média-alta e empresarial são as que menos se sensibilizam com a questão ambiental. Preferem silenciar ou ridicularizar os ambientalistas, como faz o presidente Bolsonaro", escreve Antônio de Paiva Moura, docente aposentado do curso de bacharelado em História do Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh) e mestre em história pela PUC-RS, em artigo publicado por Brasil de Fato, 07-01-2020.

Eis o artigo.

A poluição do ar ou de um modo geral, das águas e dos solos, causa mais mal à população do que se tem imaginado. Calcula-se que, em todo o mundo, ocorram cerca de 7 milhões de mortes anuais cuja causa é atribuída à degradação ambiental. No Brasil, a Organização Pan-Americana de Saúde constatou que houve 51 mil mortes anuais causadas por ar tóxico. Um número maior que o de mortes em acidentes de trânsito. Pesquisadores dos EUA concluíram que o ar contaminado das cidades tem o mesmo impacto de fumar um maço de cigarros por dia.

Nos países em que os governantes se posicionam contra as decisões tomadas no Acordo de Paris e no COP na Polônia em 2018, sobre medidas de preservação ambiental, ignoram o fato de que combater a poluição ambiental gera benefícios para a economia em gasto com a saúde da população. Há uma ignorância ou resistência em reconhecer que os ganhos em saúde representam cerca do dobro do custo das medias para a proteção do meio ambiente.

Nos países não produtores de petróleo, já há política de substituição de veículos movidos a combustível fóssil por energia elétrica. No sul da China, a cidade de Shenzhen, 3 milhões de veículos deixaram de ser movidos a petróleo e passaram a usar eletricidade. Por isso, tornou-se a cidade menos poluída e a mais silenciosa do mundo.

Tomando como base o Brasil, as classes média-alta e empresarial são as que menos se sensibilizam com a questão ambiental. Preferem silenciar ou ridicularizar os ambientalistas, como faz o presidente Bolsonaro. Em parte, a insensibilidade quanto à degradação ambiental e seus efeitos, é em função do autoengano, no qual os indivíduos acham que preservar o meio ambiente redunda em diminuição da lucratividade das empresas. Mas há outro fator mais perverso ainda. O fato de que as pessoas pobres e de baixa renda são as mais vulneráveis à poluição ambiental: os moradores de rua, condutores de veículos, camelôs, pedestres em trânsito pelas cidades, moradores nas proximidades das fábricas e das periferias onde não há saneamento básico.

Os ricos, ao contrário, encontram-se mais protegidos quanto aos efeitos da poluição ambiental. Moram em condomínios fechados; não andam a pé pelos centros das cidades e podem evitar lugares contaminados. Para eles, não importa se os pobres morrem intoxicados. O que importa é que o aumento progressivo de seus lucros esteja garantido. Os ricos não se incomodam com o macro efeito da degradação ambiental, como o aquecimento da terra e dos oceanos e as intempéries delas decorrentes.

 

Leia mais