18 Dezembro 2019
A OMS divulgou recentemente um relatório sobre os riscos à saúde associados à crise climática (leia aqui). Uma reportagem da Vice se concentra num aspecto bem específico: depressão, ansiedade e outras questões de saúde mental foram identificadas pela Organização como condições sensíveis ao clima. A pesquisadora, Katie Hayes, que publicou um estudo sobre isso no International Journal of Mental Health Systems, diz ao site que, como a desigualdade social tende a ser amplificada pelas mudanças climáticas, os mais marginalizados ficam mais vulneráveis – é o caso de quem precisa sair de casa por conta da crise ou grupos como comunidades indígenas afetadas, que têm acesso limitado a serviços de saúde.
A informação é publicada por Outra Saúde, 17-12-2019.
Um grande estudo conduzido pela OMS (leia aqui) em colaboração com várias universidades e pesquisadores ao redor do mundo descobriu que mais de um terço dos países de média e baixa renda apresenta um mal duplo (leia aqui), têm taxas significativas de obesidade junto com bolsões contínuos de desnutrição. O trabalho analisou dados históricos de pesquisas sobre nutrição de mais de 120 países, e o problema foi identificado sempre em mais de 40 (45 de um total de 123 nos anos 1990, e 48 de 126 nos anos 2010). Neles, pelo menos 20% da população tem sobrepeso ou obesidade, enquanto 30% das crianças têm baixa estatura para a idade; 15% têm baixo peso em relação à altura; ou mais de 20% das mulheres são particularmente magras.
O problema está crescendo mais rapidamente no sudeste da Ásia e na África subsaariana. A conclusão dos autores é que as crianças têm desnutrição ligada ao baixo peso no início da vida, e depois engordam devido à oferta massiva de alimentos superprocessados, fast food e comidas muito calóricas e gordurosas em geral – que são baratos e amparados por um marketing agressivo – , com acesso reduzido a alimentos frescos e saudáveis. Para piorar, a vida urbana põe barreiras à prática de atividades físicas.
E mesmo os programas clássicos de nutrição podem ter tido um papel na construção desse cenário: é que, para dar conta da desnutrição infantil, eles acabam se concentrando em fazer suplementação com alimentos ricos em gorduras e carboidratos, mas não necessariamente com muitas fibras, proteínas e micronutrientes. "Portanto, isso significa que a obesidade cresceu sob a vigilância de programas projetados para combater a desnutrição” (leia aqui), aponta Corinna Hawkes, uma das autoras.
A solução, claro, exige enfrentar as empresas responsáveis por isso. Os autores propõem uma série de abordagens que devem ser feitas em conjunto nas áreas de saúde, educação, agricultura e assistência social e dizem que o ideal é uma reestruturação completa no sistema alimentar, aumentando os incentivos para produção e comércio de alimentos saudáveis. No curto prazo, a indicação é de que se adotem medidas como melhor rotulagem de alimentos, criação de políticas fiscais para apoiar a produção de alimentos saudáveis; aquisição de mais comida saudável para merenda escolar e restrições sistemáticas à propaganda de junk food.
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Depressão Climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU