25 Novembro 2019
Também no Irã estouraram as revoltas populares. Causa imediata e visível: o aumento do preço da gasolina, como no caso da revolta dos coletes amarelos na França que estourou, e com que força, um ano atrás. No Chile, em Santiago, o estopim foi aceso pelo aumento da passagem de metrô. Os povos já estão agora em revolta em muitos outros países: Argélia, Equador, Bolívia, Hong Kong, Catalunha, Iraque, Curdistão sírio, Hungria .... Muitas causas comuns e diferentes.
O comentário é de Riccardo Petrella, economista ítalo-belga, professor emérito da Universidade de Lovaina, publicado por Trentino, 23-11-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O que impressiona acima de tudo é a violência de grupos sociais e dos países poderosos, militar e economicamente, exercida com muita força para defender seus interesses e sua segurança sobre recursos naturais estrategicamente essenciais para eles, como o petróleo. O petróleo desempenhou até agora um papel central determinante e quanto mais se tornar raro (também porque será substituído por outras fontes de energia), mais a militarização e a violência dos poderosos ficará à vontade sobre a Terra se continuarem as lógicas atuas de vida.
Há mais de vinte anos venho denunciando as mistificações e os perigos dos processos de "petrolização da água" (água "ouro azul" como o petróleo é "ouro preto"). Agora, também a água boa para uso humano (especialmente para fins lucrativos) está se tornando cada vez mais rara. Os grupos dominantes, responsáveis pela rarefação da água, até mesmo apoiam a inevitabilidade da escassez de água nas próximas décadas. A água é ainda mais essencial para a vida do que petróleo. O que vai acontecer? Devemos então aceitar, sem reagir, que o mundo logo entrará em revolta por causa da água?
Os dominantes parecem inclinados a aceitar a irrefreável guerras pela água. Eles também estão convencidos porque não querem mudar as coisas e porque pensam que sairão vencedores (e ainda mais fortes). Loucura: não é possível que mais de 7 bilhões de seres humanos e as outras dezenas de bilhões de seres vivos na Terra não tenham nada a dizer ou a opor.
A revolta deve ser feita agora, não apenas para resistir à violência dos dominantes. mas para construir um novo devir para a vida da Terra. Nada de transições tipo talk show e transformações elegantes dos novos "smart people" e "influencers"! A vida da Terra não é um holograma que pode ser feito desaparecer com um jato d’água.
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A água fará o mundo se revoltar? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU