A Reitoria da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) vem reiterar nota publicada no dia 16 de abril, em defesa da liberdade de expressão e em apoio ao professor da Instituição, Evandro Medeiros. O professor será julgado, no próximo dia 22, por suposta prática de crime durante manifestação coletiva em solidariedade às vítimas do rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, Minas Gerais, em novembro de 2015.
Em nota, a Reitoria defende o direito fundamental dos cidadãos aos atos de manifestação pública pacífica, à liberdade de engajamento em debates sobre direitos sociais e ambientais, à livre opinião e expressão e externa solidariedade ao professor Evandro Medeiros, esperando o reconhecimento de inocência ao final do processo.
A nota foi republicada pela Unifesspa, 18-10-2019.
Eis a nota.
Em defesa da liberdade de expressão e manifestação e em apoio ao professor Evandro Medeiros
A liberdade de expressão e manifestação é um direito do cidadão, fundamental numa sociedade democrática. Ademais, a todos e, sobretudo, aos que trabalham com a produção de ideias têm de ser garantidas livre circulação e manifestação, bem como a liberdade de engajamento em ações que promovam práticas democráticas de debate na esfera pública.
É próprio de uma sociedade democrática atos políticos-pedagógicos de manifestação pública pacífica, que promovam o debate e denunciem violações de direitos sociais e ambientais, bem como os que expressem a solidariedade humana. Esse foi o caso do ato coletivo, ocorrido em 20 de novembro de 2015, em solidariedade às vítimas do rompimento da barragem de rejeitos da Samarco (Mariana/MG), tendo como uma das controladoras a mineradora Vale.
Contexto no qual, a Reitoria da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará manifesta apoio e solidariedade ao professor Evandro Medeiros que, por ter participado de ato dessa natureza, foi denunciado pelo Ministério Público pela suposta prática de crime, nos termos do CPB, art. 260, II e IV, e art. 286 (perigo de desastre ferroviário e incitação ao crime), durante tal manifestação pública. Esperamos que, ao final do processo, o Poder Judiciário inocente o professor, reconhecendo o direito de liberdade de opinião e manifestação.
Marabá, 16 de abril de 2019.
Prof. Dr. Maurilio de Abreu Monteiro Reitor
Leia mais
- Vale: professor vai a julgamento por ato em solidariedade às família de Mariana/MG
- A gigante Vale contra o professor no Pará
- Cinco anos de prisão por um protesto contra a Vale
- Justiça ordena à Vale que declare situação de emergência em duas barragens de rejeitos no PA
- ‘Presidente da Vale ainda poderá receber familiares na cadeia; mas eu nunca mais verei meu filho’
- Quantas vidas valem as ações da Vale?
- Nada Vale. Voz e violão - Alexandre Gonçalves
- Cinco meses após a tragédia de Brumadinho (MG), Vale tem 33 barragens paralisadas
- Vale provoca minério-dependência e insufla população contra os índios no sul do Pará
- Com mineração, “vão-se os bens da criação, ficam miséria e destruição! E agora, José?”
- Quem lucra com a Vale?
- Brumadinho: a avalanche de impunidade que consolida o crime e mata inocentes. Entrevista especial com Dário Bossi
- Brumadinho e a urgência da responsabilidade
- Quantas vidas valem as ações da Vale?
- Dois meses depois de Brumadinho, uma outra barragem pode romper
- O estado de Minas a serviço da Vale
- Responsável por fiscalizar barragens, ANM já admitiu falta de verba para vistorias ‘in loco’
- “Privada ou estatal, Vale sempre esteve a serviço da acumulação capitalista e é isso que precisa mudar”
- Reincidente, Vale sente o peso de escrever novo capítulo trágico em Minas Gerais
- MAB: Vale e BHP Billiton, controladoras da Samarco, são responsáveis pelo rompimento das barragens
- Desastre em Mariana: MPF recorre de decisão que homologou acordo com as empresas Samarco, Vale e BHP Billiton
- Diagnóstico do desastre de Mariana aponta danos irreparáveis e falta de diálogo do poder público com atingidos
- À sombra da tragédia de Mariana
- Dois anos do desastre de Mariana, uma catástrofe lenta e dolorosa. Entrevista especial com Fabiano de Melo
- Tragédia em Brumadinho: Ao menos 305 km do Rio Paraopeba estão contaminados, diz SOS Mata Atlântica
- O perigo à saúde que vem da lama de Brumadinho
- Brumadinho: uma tragédia humana e ambiental "anunciada"
- "Em Brumadinho e Mariana não foram acidentes, mas crimes ambientais e homicídios coletivos", constata D. Joaquim Mol Guimarães
- De Mariana a Brumadinho: o Brasil na contramão
- Brumadinho pode ser maior acidente de trabalho do Brasil