01 Outubro 2019
Enquanto aguarda uma nunciatura em Pequim, o papa está trabalhando para abrir uma em Hanói, na República Socialista do Vietnã e, enquanto isso, ele se prepara para visitar, em novembro próximo, a Tailândia e o Japão. Tudo fácil? Na verdade, não.
O comentário é de Luigi Sandri, publicado por L'Adige, 30-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Antiga colônia francesa, depois que a armada de Paris foi destruída, o Vietnã com os acordos de Genebra de 1954 foi dividido em duas partes. Ao norte do 17º paralelo, a república marxista, apoiada por Moscou; ao sul uma república protegida pelos EUA. Entre os dois países, por fim, eclodiu um doloroso conflito: finalmente, as guerrilhas vietcongues, apoiadas pelo norte, e pela China e URSS, forçaram os estadunidenses a sair; o país foi reunificado em 1975, tendo Hanói como sua capital.
A primeira evangelização da cidade havia começado, timidamente, cinco séculos antes; mas ficou muito mais forte depois que se tornou colônia francesa em 1859. A situação mudou radicalmente com o nascimento da República socialista: a vida, para os cristãos, tornou-se difícil, muitas vezes marcada por perseguições. Em especial, o regime confiscou centenas de propriedades (igrejas, prédios, terrenos) em mãos dos católicos. Raros, no entanto, foram punidos por razões de fé; contra eles, foram apontadas principalmente motivações políticas ou pretextos econômicos.
Atualmente, os católicos podem respirar, mas são sempre vigiados. E as hierarquias eclesiásticas devem levar em conta, em suas intervenções públicas, os limites fixados pelo governo. As pessoas, no entanto, principalmente de tradição confuciana, são tolerantes e geralmente respeitam os católicos. Estes, de uma população de noventa e dois milhões de habitantes, são cerca de nove milhões; existem três arquidioceses e vinte e três dioceses; os sacerdotes (diocesanos e religiosos) mais de quatro mil e seiscentos.
Em 2015, o papa nomeou cardeal o arcebispo de Hanói, Pierre Nguyen Van Nhon. O país se recusou por décadas a manter relações com o Vaticano. Mas, após tentativas trabalhosas, finalmente a Santa Sé, em 2011, obteve permissão para enviar seu representante a Hanói, embora com status não permanente. Em maio de 2018, o papa nomeou para o cargo o núncio apostólico em Cingapura, o polonês monsenhor Marek Zalewski, ex-núncio no Zimbábue. Depois, há um mês, uma comissão mista vietnamita-vaticana discutiu o problema, e em Roma é forte a esperança de que o núncio em Hanói possa logo se tornar "permanente"; porém, o governo não tem pressa.
A "circunavegação" que Francisco está fazendo na Ásia oriental destaca um enorme vazio para a Santa Sé: a "impossibilidade" de o papa visitar a China e estabelecer relações diplomáticas com Pequim. O papa gostaria desta saída o mais rápido possível, mas Xi Jinping não tem pressa: o presidente do país mais populoso do mundo dirá "sim" se e quando ele o considerar politicamente vantajoso. Enquanto isso, Bergoglio prepara sua peregrinação a Bangkok, Tóquio e Hiroshima.
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Esperanças e dores do Papa na Ásia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU