30 Setembro 2019
A crise climática é, por um amargo paradoxo, bem-vinda, porque torna visível para todos e quase fácil de entender a densa questão da ecologia, que é um grande emaranhado de ações e reações. O menino Potito, que na última sexta-feira pela manhã fez uma manifestação sozinho, com seu lindo sorriso, na cidadezinha da Púglia de Stornarella, certamente nada sabe sobre a dramática contradição entre as regras do lucro e aquelas da natureza, entre os tempos frenéticos da produção humana e aqueles necessários para manter saudáveis os campos e as águas e para renovar os recursos. Nada sabe sobre a perdida visão holística (ou talvez nunca praticada) do Planeta que, por si só, permitiria ao homem realmente se sentir parte dele, em vez de fustigá-lo como se faz com uma mula quando não se sabe governar as mulas.
O comentário é de Michele Serra, publicado por la Repubblica, 28-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Ele não sabe, mas ele entende, ele intui.
Ele entende, intui (e com ele entendem e intuem dezenas de milhões de crianças) que algo se quebrou, no equilíbrio entre os homens e a Terra. Que é preciso, antes de tudo, começar a dizer alto e claro, que algo se quebrou, mesmo quando se tem a disposição apenas um desajeitado cartaz e uma das primeiras verdadeiras emoções de adulto, que é sair às ruas e se sentir um cidadão.
Ele também sabe, tenho certeza, que o ganancioso e o estúpido estão se tornando papéis coincidentes. Que ao ganancioso/estúpido se alinham poderes políticos gananciosos/estúpidos, tipo Bolsonaro e Trump, convencidos que a chamada questão climática é apenas um pretexto para parar a economia e mortificar a sociedade. O oposto é verdadeiro, e caberá justamente aos Potito colocar os Bolsonaro e os Trump em condições de não causar danos. E eles farão isso.
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Trump não sabe, mas Potito sim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU