Os bispos alemães aprovam seguir adiante com o debate reformista, apesar das reticências de Roma

Missa de abertura do caminho sinodal alemão, em Fulda. Foto: Arne Dedert | dpa

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30 Setembro 2019

A Conferência Episcopal debaterá com as comunidades católicas temas como o celibato, o papel da mulher e o poder na Igreja.

A reportagem é de Ana Carbajosa, publicada por El País, 26-09-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

O conclave de outono da Conferência Episcopal Alemã emitiu um claro veredito quatro dias depois do encontro, os bispos alemães aprovaram por ampla maioria seguir adiante com o chamado “caminho sinodal”. Isso é, os bispos aprovaram os estatutos do processo com o que debaterão com as comunidades católicas, em um processo não vinculante, porém que despertou fortes resistências em Roma, temas como o celibato, as estruturas de poder da Igreja e o acesso da mulher ao sacerdócio.

Com esse processo, a Igreja alemã quer dar resposta à pressão reformista das bases e contribuir ao debate das reformas pendentes em uma Igreja que perdem membros e renda a passos largos. Os católicos alemães evitaram conscientemente chama-lo sínodo para evitar qualquer colisão com o direito canônico a um processo, nascido ao calor da investigação sobre os abusos sexuais no seio da Igreja, publicado há um ano.

A iniciativa se deparou com o rechaço do Vaticano, que teme que os alemães se afastem da Igreja universal. A Conferência Episcopal tratou, não obstante, se enviar um sinal tranquilizador a Roma, assegurando que de modo algum a Alemanha pretende se afastar da Igreja universal. “Não haverá um caminho especial alemão sem Roma nas questões relevantes da Igreja universal”, disse Marx. O presidente da Conferência Episcopal Alemã, o cardeal Reinhard Marx, assegurou na reunião de Fulda que não há “sinais de proibição” por parte do Vaticano para lançar o caminho sinodal “e portanto vamos seguir adiante”, segundo indicou o órgão dos bispos em uma nota.

Os estatutos e o preâmbulo aprovados incluem ainda ligeiras modificações, com as quais destacam a unidade da Igreja universal e com a que os bispos quiseram responder às inquietudes que o papa Francisco expressou em uma carta enviada à Igreja alemã, em junho passado. Em setembro, o prefeito para a Congregação dos Bispos, Marc Ouellet, enviou também uma missiva a Marx que advertia sobre as contradições do processo alemão em relação ao direito canônico.

O respaldo majoritário do processo contou no entanto com a explícita e minoritária oposição dos representantes mais imobilistas do bispado. O bispo de Ratisbona, Rudolph Voderholzer, tornou público seu voto contrário, porque por seu julgamento, os temas que se abordarão não correspondem com as causas da crise da Igreja. Depois da aprovação dos bispos falta agora a luz verde do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK, por suas siglas em alemão), a organização guarda-chuva onde estão representadas associações e personalidade de todo o país e que também participarão no caminho sinodal. A aprovação da ZdK se dá por estabelecida e o arranque do programa de debates se prevê para o início de dezembro.

Quatro grupos de trabalhos

O debate sobre os grandes temas aos que a Igreja católica alemã quer dar resposta se dividirão em quatro grandes grupos de trabalho que abordarão as estruturas de poder na Igreja, o estilo de vida dos padres, a moral sexual e o papel das mulheres na instituição.

Durante o encontro de Fulda, os bispos mantiveram também “intensas conversações sobre as necessárias consequências” depois da publicação da investigação sobre os abusos sexuais cometidos por parte dos membros da Igreja, segundo indicada a nota da Conferência Episcopal publicada na quinta-feira. Uma investigação feita pela Conferência Episcopal Alemã documentou há um ano 3.677 casos de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja a menores.

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