09 Fevereiro 2018
A carta de Marx foi vista como uma tentativa de construir uma ponte para os centros de aconselhamento, após anos de distanciamento.
A reportagem é de The Tablet, 07-02-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Uma carta do presidente da Conferência Episcopal Alemã, permitindo que empregados que trabalharam em centros de aconselhamento sobre o aborto também trabalhem para a Igreja, reiniciou uma polêmica que durou décadas.
Em 23 de janeiro, o cardeal Reinhard Marx escreveu ao Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK), órgão de leigos, reconhecendo que os centros de aconselhamento sobre o aborto Donum Vitae haviam salvado milhares de vidas persuadindo mulheres grávidas a não interromperem a gravidez e declarando que as pessoas que trabalharam para a Donum Vitae podiam agora ser empregadas em centros de aconselhamento reconhecidos pela Igreja, o que até então era proibido.
Os centros emitem certificados confirmando que uma mãe foi aconselhada, e a lei alemã estipula que um certificado de aconselhamento é necessário, caso um aborto deva ser realizado.
A carta de Marx foi vista como uma tentativa de construir uma ponte com a Donum Vitae após anos de distanciamento. Em 1999, o Papa João Paulo II ordenou que os bispos alemães fechassem os centros de aconselhamento sobre a gravidez geridos pela Igreja, pois algumas mulheres que receberam aconselhamento sob seus auspícios passaram a interromper suas gravidezes, e isso tornou a Igreja cúmplice no processo de aborto. Um grupo de proeminentes católicos leigos fundou então a instituição de caridade Donum Vitae, que assumiu o controle dos centros previamente administrados pela Igreja.
Em 2006, a Conferência Episcopal proibiu os católicos de cooperarem com a Donum Vitae, que foi declarada como uma “organização fora da Igreja Católica”. O intercâmbio de pessoal foi expressamente proibido.
No entanto, uma semana após a carta de Marx ao ZdK, a Arquidiocese de Colônia indicou que a Donum Vitae permaneceu “fora da Igreja Católica”. Os ex-membros que quisessem trabalhar para a Arquidiocese de Colônia teriam que se distanciar publicamente do trabalho que haviam feito nos centros da Donum Vitae, disse a arquidiocese.
Enquanto isso, o bispo Rudolf Voderholzer, de Regensburg, lembrou que, embora a Donum Vitae mereça elogios por ter salvo tantas vidas, ela permanecia fora da Igreja, pois nem sempre protegeu os nascituros. Ele convidou a associação a se unir à Marcha pela Vida de Berlim, no dia 22 de setembro de 2018.
Um porta-voz da Donum Vitae deplorou o fato de Colônia ter rejeitado a “mão estendida do cardeal Marx”.
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Colônia rejeita medida do cardeal Marx envolvendo centros de aconselhamento sobre o aborto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU