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Manfred A. Max-Neef (1932-2019), economista chileno. In memoriam

Manfred Max-Neef. Foto: The Right Livelihood Award

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24 Agosto 2019

Em homenagem à memória do economista chileno Manfred A. Max-Neef que faleceu no dia 08-08-2019, compartilhamos um texto que conta sua história.

O autor é Gerhard Drekonka Kornat, publicado no site oficial de Max-Neef e na revista D+C Desarrollo y Cooperación, abril de 2002. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Desenvolvimento humano

O chileno Manfred Max-Neef estudou economia e fez carreira como funcionário da empresa Shell. Em 1957, ele virou as costas para a indústria e se dedicou a estudar os problemas dos países em desenvolvimento. Ele trabalhou para organizações da ONU e em várias universidades dos EUA e da América Latina. Inspirado pelo imperativo de EF Schumacher “small is beautiful”, ele desenvolveu uma tese que chamou de "economia descalça" e "economia em escala humana", cujos critérios ele já definiu na década de 1980 em uma matriz que engloba dez necessidades humanas básicas. Nos anos 90 ele formulou com a hipótese do "limiar" a ideia de que, a partir de certo ponto de desenvolvimento econômico, a qualidade de vida começa a diminuir.

Antes de seus dados biográficos, impõe-se a presença física do chileno Manfred A. Max-Neef: um gigante barbudo, que só com relutância coloca um terno e prefere a roupa de trabalho prática. Um profeta do Antigo Testamento é assim?

Manfred Max-Neef nasceu em 26 de outubro de 1932 em Valparaíso, Chile. Seus pais eram alemães, no entanto, eles não pertenciam à clássica imigração introvertida do século XIX, mas àqueles que se mudaram para a América do Sul depois da Primeira Guerra Mundial. Sua mãe transmitiu uma educação humanística e amor pela música; o pai, um dos fundadores da economia política chilena, a orientação prática.

Manfred, quase inevitavelmente, estudou economia e se formou em meados da década de 1950, trabalhando no consórcio internacional da Shell, onde chegou a ocupar uma posição gerencial.

Em 1957, veio uma conversão inspirada pela música: Max-Neef abandona a carreira convencional para se dedicar à peregrinação intelectual, enquanto desenvolve um crescente interesse em questões de desenvolvimento. Em 1961 participa de uma seleção acadêmica nos EUA, onde passa a exercer a docência em Berkeley, Califórnia. Lá ele acompanha os jovens rebeldes americanos em seus protestos contra a Guerra do Vietnã.

Para Max-Neef, poliglota e ao mesmo tempo conhecedor das teorias do desenvolvimento, se multiplicam a tarefas de chefatura de projetos para a ONU (especialmente a FAO) e a OEA. Em 1973, ele aceitou um chamado da Universidade do Chile, chegando pouco antes do golpe contra o governo da Unidade Popular. Max-Neef vai para o exílio. Na Argentina, ele vai trabalhar na Fundação Bariloche, fortemente marcada por Carlos Mallmann, e onde ciências naturais, matemática e música são cultivadas simbioticamente.

Naquela época, "Limites da pobreza", de A. Herrera e H.D. Scolnik, foi publicado, no qual o "modelo de Bariloche" é apresentado em resposta ao cenário de catástrofe formulado por Dennis L. Meadow em "Limits to Growth" [Limites ao crescimento]. Em "Limites da pobreza" se trata de um modelo do mundo alternativo, baseado na igualdade e na ideia de cobrir as necessidades básicas, que não termina com o colapso global. Também a Fundação Hammarskjöld, da Suécia, começa a interessar-se por este chileno não convencional e o acompanha editorialmente.

Entre o trabalho de projeto e a reflexão teórica (que levou Max-Neef também várias vezes aos seminários de DSE), sua bagagem de ideias cresce. Max-Neef é finalmente premiado em 1983 com o Nobel Alternativo.

Com o prêmio em dinheiro, Max-Neef fundou em Santiago do Chile o (agora desaparecido) Centro para o Desenvolvimento de Alternativas (CEPAUR), com o objetivo de colocar em prática suas ideias sobre "desenvolvimento em escala humana" e desde então se multiplicam os prêmios internacionais.

Max-Neef torna-se membro do Clube de Roma, da Academia Leopold Kohr, em Salzburgo, e da E.F. Schumacher Society, na Inglaterra. Em 1993, ele é um candidato independente para a presidência de seu país, uma empreitada destinada, de antemão, ao fracasso no Chile do milagre econômico, apesar de receber um importante voto minoritário. Posteriormente, Max-Neef é reitor da pequena, mas reconhecida Universidad Austral, em Valdivia ("uma cidade em escala humana"), no paradisíaco sul do Chile, onde a política de exportação ao pé da letra ainda não deixou marcas visíveis. No entanto, nem mesmo um Nobel alternativo pode satisfazer a todos: na frente do reitor, um dissidente escreveu, não sem alguma poesia: “Sr. Reitor, a Universidade não é um banco”. Max-Neef sorriu e não ordenou a remoção do grafite.

Sua própria busca intelectual, simpatia por pessoas simples, o "Small is beautiful", de Schumacher, a obsessão de Leopold Kohr por unidades escalonáveis, o pensamento alternativo da Fundação Bariloche e, acima de tudo, seu próprio trabalho de projeto impulsionaram a busca de Max-Neef por propostas para a implementação de "desenvolvimento em escala humana". "Desenvolvimento" foi definido por Max-Neef como a "libertação de possibilidades criativas" de todos os membros de uma sociedade, como um conceito claramente separado do crescimento econômico e sem ser uma condição para isso.

Estações no caminho para esse pensamento foram seus trabalhos de projeto durante os anos 70 no Equador e no Brasil, que se cristalizaram em suas Experiences in Barefoot Economics. Tal foi o subtítulo de uma de suas primeiras publicações From the Outside Looking In, editada em 1992 pela Dag Hammerkjöld Foundation. Em ambos os projetos – no Equador dedicados a pequenos camponeses indígenas da região chuvosa do Pacífico (obra que lhe valeu a expulsão do país pelo governo militar da época), no Brasil, onde tentou revitalizar uma pequena cidade em Minas Gerais, interessante a partir do ponto de vista histórico-arquitetônico, mas desolado – Max-Neef impressionou a riqueza de ideias e criatividade de pessoas simples, desde que a solidariedade seja demonstrada, o conhecimento seja transmitido e as perspectivas sejam abertas.

Precisamente, no caso desses grupos, o conselho da economia política clássica, que aposta no lucro e para isso, precisa de uma "massa crítica" que às margens de uma sociedade simplesmente não existe. Para fechar a lacuna, Max-Neef propôs uma "economia descalça" que enfatiza o compromisso pequeno e apaixonado. “So much can be achieved by thinking and acting small. This should not be surprising, after all, smallness is nothing but immensity on the human scale” [Então muito pode ser alcançando pelos pequenos pensamentos e pela ações. Isso não deveria ser surpresa, afinal, a pequenez não é, senão, imensidão na escala humana] (From the Outside Looking In, p. 205).

Inspirado pela Fundação Dag-Hammarskjöld, que pelo seu relatório abrangente "What New: Another Development" [Que novo: Outro Desenvolvimento] (1975) necessários exemplos de desenvolvimento do setor alternativo na América Latina, amadurecido em Max-Neef a meados dos anos 80, instrumentais em seu "desenvolvimento em escala humana”. Como o desenvolvimento não deve ser imposto de cima, mas deve vir da base, Max-Neef desenvolveu um método para apreender os verdadeiros desejos e necessidades de pessoas simples.

O objeto de sua pesquisa é exemplificado pelo ato de uma mãe amamentar seu bebê: um recém-nascido tem uma necessidade básica, de subsistência. A satisfação se encontra ao ser amamentado, ato que por sua vez desperta outras necessidades, como proteção, amor e identidade, e simultaneamente estimula sua satisfação.

De acordo com esse modelo, Max-Neef constrói uma matriz básica com nove necessidades fundamentais (um décimo, a busca pela transcendência, parecia muito ousada naquela época), conectada axiologicamente com quatro categorias de satisfação de necessidades. As nove necessidades fundamentais são: subsistência, proteção, afeto, compreensão, participação, lazer, criação, identidade e liberdade. As quatro categorias correspondentes ao nível de satisfação são: ser, ter, fazer e estar (Max-Neef, p.32 ss.).

Seguindo o esquema, se obtém uma matriz com 36 campos. Satisfatórios positivos são contrariados por inibidores pseudosatisfatórios ou satisfatórios, que oferecem uma satisfação de desejo falso. O armamento, por exemplo, promete proteção, mas diminui a satisfação de outras necessidades, como subsistência, afeição, participação ou liberdade; o nacionalismo chaunivista oferece identidade, mas destrói outras áreas; o paternalismo impõe proteção, mas à custa da compreensão, participação, liberdade e identidade.

No âmbito dos preparativos do projeto, os participantes são encorajados a procurar, primeiro em pequenos grupos, as respostas positivas e negativas à essa matriz, e depois, no grupo maior, a concentrar e sistematizar os conteúdos da matriz. Desta forma, são alcançados inúmeros objetivos e, acima de tudo, dois: podem ser identificadas necessidades reais em nível local, mas também medos, traumas e ameaças, e consegue um grande efeito de dinâmica de grupo que inspira criativamente os membros de uma comunidade, os anima e refletir criticamente e os aproxima.

Experimentos desse tipo foram originalmente realizados no final dos anos 60 e início dos anos 70 em diferentes lugares da América Latina e depois continuaram em outros lugares, mesmo em países desenvolvidos. Com as experiências assim obtidas cristalizadas, então, um resultado que terá um valor central no pensamento posterior de Max-Neef: não existe tal correlação entre o grau de desenvolvimento econômico (industrial) e a relativa felicidade das pessoas envolvidas e também parece aumentar a solidão e a alienação nas sociedades desenvolvidas.

Essas reflexões levaram Max-Neef nos anos 90 a formular a tese do "limiar": em um certo ponto do crescimento econômico, com a industrialização clássica, a qualidade de vida dos cidadãos começa a declinar. Max-Neef verificou essa hipótese com base no Índice de Bem-Estar Econômico Sustentável da ONU: a Áustria, na condição de modernizadora tímida, obtém uma posição melhor do que a Alemanha e os países da Europa continental experimentam o "ponto limiar" menos dramaticamente que a Inglaterra ou EUA (onde a política neoliberal precoce diverge fortemente do crescimento e da qualidade de vida).

Disso resulta o corolário: "quantitative growth must be metamorphosed into qualitative development” [o crescimento quantitativo deve ser metamorfoseado em desenvolvimento qualitativo] (Ecological Economics, p. 117). O desenvolvimento qualitativo não significa para Max-Neef reduzir a satisfação das necessidades ou a qualidade de vida, nem que a ciência e a tecnologia devam ser renunciadas.

Para melhor destacar o argumento, Max-Neef criou (em paralelo à "sociedade de 1,5 quilowatts" de Hans Peter Dürr) o ECOSON. Essa sigla significa pessoa ecológica e expressa a cota de consumo de energia de um cidadão que satisfaz sensivelmente suas necessidades básicas sem marginalizar ninguém. O ecoson é, portanto, um indicador que se refere tanto à disponibilidade de energia quanto à sua distribuição justa.

Dado que a população mundial atingiu a marca de 6.000 milhões, o consumo de energia per capita não deve exceder 1,5 kWh por hora (= 13.000 kWh por ano). Aplicando este indicador à população mundial, a conclusão – não surpreendente – é que os países industrializados, que representam uma minoria da população mundial, consomem muitos ecosones, enquanto o Sul, a maioria, tem uma porcentagem modesta de ecosones. Portanto, de acordo com Max-Neef, o essencial não é reduzir a taxa de natalidade no Sul, mas poupar os ecosones no Norte. "Isso pode ser mostrado se os dez mais ricos países do mundo reduzirem suas populações de Ecosons por 5%, isso ascenderia a quase duas centenas de milhões, que é o equivalente do peso de toda a Índia" (Paper, Clube de Roma p. 4).

Tais afirmações não devem ser mal-entendidas como antiimperialismo ecológico. Pelo contrário, é precisamente esse excesso de ecosones nos países ricos que ameaça seriamente o futuro do desenvolvimento sustentável.

Para os conhecedores das teorias do desenvolvimento, tais formulações não são novidade. Nesse sentido, Max-Neef não é tanto um teórico, mas sim um pensador pragmático sobre o sensato e factível, que quer inspirar pessoas simples da periferia geográfica e social a desenvolver a iniciativa própria, a responsabilidade e a busca por identidade. Tampouco é fundador de uma escola de pensamento, mas se move dentro de parâmetros definidos por outros antes dele: Schumacher, Kohr, a Fundação Bariloche, a Fundação Dag Hammarskjöld. Max-Neef quer ser uma voz no coro de pensadores alternativos, uma voz teimosa e alta. Ele orgulhosamente relata que suas instruções para a matriz de necessidades e satisfações são um dos documentos mais copiados por grupos interessados em questões de desenvolvimento, tanto na América Latina, como na Europa e no Terceiro Mundo. Hoje, aplica-se especialmente na África do Sul e na Austrália.


Exemplo de matriz negativa, realizada em Mendoza, Argentina. Fonte: M. Max-Neef, A. Elizalde, M. Hopenhayn, "Desarrollo a escala humana"

Max-Neef sabe bem que isso não muda o curso problemático do mundo. Em suas reflexões sobre o futuro da humanidade, ele define os possíveis cenários entre pôr do sol e viabilidade. As possibilidades incluem o desaparecimento parcial ou total da humanidade como resultado de uma catástrofe nuclear ou ecológica. Mas o verdadeiro terror é para Max-Neef o cenário de uma concretização da ficção científica, a assunção de uma sociedade bárbara polarizada, na qual os ricos (como observado em parte em algumas metrópoles latino-americanas) se escondem por trás do arame farpado, cercas de alta tensão, paredes com fragmentos de vidro e guardas armados, enquanto que ao redor, em meio a paisagens de pesadelo, vagam marginalizados e ladrões.

O próprio Max-Neef está inclinado a um cenário otimista para o futuro: uma sociedade na qual a solidariedade e a igualdade são compartilhadas e reinadas. Mas como você chega lá? Max-Neef também não tem uma solução garantida. Para ele, os pequenos passos dos "economistas descalços", ações de solidariedade entre os pobres e resistência de baixo contra a máquina modernizadora descontrolada, o retorno ao pequeno, a aceitação da medida de eco, o compromisso alternativo e uma ajuda podem ser ajudados. Relacionamento respeitoso com os seres humanos, animais e natureza.

Max-Neef quis reunificar novamente as culturas científicas divergentes do nosso tempo, preparando na Universidade Austral uma série de congressos internacionais junto ao Clube de Roma sobre o tema “Ciência, cultura, política, ética e fé”. Dessa maneira, a décima categoria de Max-Neef a transcendência, pode retornar para seus privilégios.

Max-Neef se move hoje em áreas já demarcadas por Sócrates, os Evangelhos e Francisco de Assis. Sem dúvida, ele se torna um profeta, mas não daqueles que anunciam infortúnios, mas daqueles que, apesar de tudo, permanecem otimistas e oferecem orientação. O que fazer?


Exemplo de matriz positiva, realizada em Mendoza, Argentina. Fonte: M. Max-Neef, A. Elizalde, M. Hopenhayn, "Desarrollo a escala humana"

Max-Neef responde cada vez mais frequentemente com parábolas e metáforas e aconselha, por exemplo, a "desenrolar nós", para evitar a queda no setor moderno. Pensemos apenas na crise da "doença das vacas loucas" na Europa: não foi um colapso global, mas uma catástrofe regional, consequência da pecuária perversa. Nesse caso, o nó seria o agricultor ecológico, que pode compensar as perdas com uma oferta de produtos naturais.

Uma parábola que Max-Neef conta repetidas vezes é a do rinoceronte. Pode um rinoceronte (o monstro da modernização) ser assustado com uma vara? Seguramente não, mas a miríade de mosquitos (que aparecem sem hierarquia e se reúnem espontaneamente) pode tornar a vida do rinoceronte impossível, de modo que ele fuja. A parábola reflete o otimismo de Max-Neef, que, apesar dos sobressaltos do século XX, acredita em um futuro viável para o século XXI. A condição é que nós humanos queremos isso.

Nós queremos isso? Em vez de dar uma resposta, o reitor conta outra história: desde sua infância, ele se perguntou o que torna os seres humanos únicos e os distingue dos animais. A resposta que recebeu na infância, de que apenas o ser humano tem alma, mas não animais, logo deixou de ter consistência. Seguiu-se a explicação de que os animais têm instintos, mas não inteligência: uma suposição de que a ciência provou mais tarde que era falsa. Então, de repente, a solução veio: só o ser humano tem humor. Mas essa tese também não resiste a uma análise séria, já que os pássaros e outros animais também se divertem e "riem" uns com os outros, diz Max-Neef. "Quando, frustrado, falei sobre isso com meu pai", continua ele, "ele me disse para tentar com estupidez". A princípio, foi um choque para Max-Neef, mas depois dos anos, a tese continua válida: "só o ser humano é burro".

Obviamente, temos que nos conformar com isso. Portanto, o primeiro passo para a sobrevivência, para Max-Neef, é ser menos tonto.

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