06 Agosto 2019
Pesca de arrasto no Brasil: Bolsonaro quer que Rio Grande do Sul revogue lei restritiva.
A modalidade é combatida em todo o mundo. Não há estudioso que não condene. Depois de anos de luta, em 2018 o Rio Grande do Sul aprovou uma Lei (por unanimidade na Assembléia Legislativa) restringindo o arrasto a menos de 12 milhas da costa. Agora, o presidente da República investe contra um dos poucos Estados que adotaram medidas restritivas à pesca de arrasto no Brasil.
A informação é de João Lara Mesquita, publicada por O Estado de S. Paulo, 02-08-2019.
Em sua tarefa preferida, disparar sandices pelas redes sociais, Bolsonaro questionou numa ‘live’, o que leva a aprovação de uma lei que restringe da malfadada pesca de arrasto no Rio Grande do Sul. Ele estava ao lado do secretário da Pesca, Jorge Seif Junior Como sempre, sem ouvir quem quer que seja, prometeu que trabalhará pela revogação junto ao governador Eduardo Leite. Ignorante, o pescador que foi multado por pescar irregularmente, agride mais uma vez o bom-senso. Até os pescadores artesanais sabem dos malefícios do arrasto. Cansei de ouvir seus depoimentos em viagens pela costa brasileira.
Curiosamente, a família do secretário Jorge Seif Jr. é proprietária de empresa de pesca. E ela tem uma dezena de multas ambientais, muitas das quais são infrações das leis…de pesca. Ao fazer sua ‘live’ ao lado do secretário, este declarou: "Infelizmente, foi uma lei fundamentada no estudo de uma ONG, que não foi publicada, não passou pela secretaria de Pesca, não passou pelo debate com as universidades do Brasil, e jogou vários pescadores na criminalidade, sem ter como trabalhar".
Deslavada mentira. Há dezenas de estudos das melhores universidades do País mostrando os prejuízos provocados pela atividade. Ela destrói ecossistemas marinhos, leva à desertificação do fundo do mar, é a menos seletiva, etc.
O secretário mostra que é como o chefe. Tosco. Qualquer restrição ao arrasto só faz aumentar a quantidade de vida marinha em aéreas próximas da costa. É justamente neste espaço onde atuam aqueles que pretensamente ambos querem ‘proteger’.
Segundo o litoralnarede.com.br, “o assunto foi levado à secretaria de Aquicultura e Pesca por representantes do setor pesqueiro catarinense, apoiados pelo governador Carlos Moisés (PSL) que se sentiram prejudicados com a restrição do Rio Grande do Sul.” Segundo a mesma fonte, “pescadores gaúchos estão mobilizados pela manutenção da regra.” Nesta reunião, diz o litoralnarede.com.br, “o professor Luis Gustavo Cardoso apresentou estudo da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), que mostra a importância da proibição do arrasto dentro das 12 milhas. Vejam aí o secretário Jorge Seif Jr. de calças curtas pela mentira que disparou. Importante, o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), ao ouvir as ponderações dos pescadores, e as explicações do professor da FURG, declarou: "Houve abordagem do governador de Santa Catarina, que defende interesses do Estado vizinho. Mas nunca fui a favor de rever a Lei…há embasamento científico que respalda a legislação".
Por aí se vê, o quão desinformados são Bolsonaro e seu secretário. Enquanto as autoridades falam bobagens, os pescadores gaúchos da “Colônia Z-40, de Tramandaí, solicitaram ao Ministério Público Federal, em Capão da Canoa, que adote medida cautelar. O pedido é que o MPF intervenha para garantir a proteção do meio ambiente na zona costeira e litorânea do Brasil.”
Felizmente, alguém tem bom senso nesta história.
Assista ao vídeo da ‘live’ em questão:
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Pesca de arrasto no Brasil e devaneios de Jair Bolsonaro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU