27 Junho 2019
As ruas de Montevidéu estavam vazias. Ontem, milhões de uruguaios aderiram à greve geral convocada pela central operária Plenária Intersindical de Trabalhadores – Convenção Nacional de Trabalhadores - PIT-CNT. Os sindicalistas tomaram a decisão como medida de protesto pela retirada da Petrobras brasileira e em "defesa do emprego".
A reportagem é publicada por Página|12, 26-06-2019. A tradução é do Cepat.
Para o presidente da central operária PIT-CNT, Fernando Pereira, a greve de ontem é o retrato de uma luta que se arrasta há mais de 20 dias. Como o sindicalista explicou ao jornal El País Uruguai, o conflito começou semanas atrás quando a empresa brasileira demitiu ao menos oito trabalhadores, argumentando que a empresa "precisava se ajustar".
Pereira também afirmou que a Petrobras se recusou a assinar a última proposta da central operária PIT-CNT para resolver a crise. Fez o mesmo com o pedido do presidente Tabaré Vázquez de suspender as demissões para negociar com maior confiança. Junto a isso, soma-se uma demanda patronal, que atendeu a Organização Internacional do Trabalho (OIT), e que exige a revisão da lei de negociação coletiva. Um pedido que visa desencaminhar as conquistas da classe trabalhadora.
"É uma medida escalonada e tomara que isso ajude a destravar, ninguém pode dizer que a greve geral resolve todos os problemas. O que, sim, podemos dizer com total tranquilidade é que, antes da medida, fizemos tudo o que era possível para não a iniciar, para tentar resolver por meio de negociações", disse um sindicalista a um jornal uruguaio.
Por sua vez, Alejandro Acosta, líder do sindicato Uaoegas, disse ao jornal uruguaio La Diaria que a Petrobras está buscando sair do país, "montando toda essa bagunça". "Não é um problema de insuficiência do ponto de vista econômico, é um problema de posição política", declarou. A proposta do sindicato consistia em reduzir os custos de 26 postos de trabalho por um período de oito meses.
Acosta disse que, além da situação do Uaoegas que ontem completou 15 dias de greve, a paralisação geral foi convocada pela posição geral das associações empresariais que afirmaram ter a intenção política de influenciar no clima das eleições. E disse isso porque, neste domingo, ocorrem as disputas internas uruguaias para eleger os candidatos presidenciais que vão se enfrentar no dia 27 de outubro.
A empresa brasileira anunciou sua saída do Uruguai e o desprendimento tanto de sua rede de postos de gasolina no país, como também do serviço de distribuição de gás por tubulação. A empresa demitiu funcionários de seu setor de gás em meio a uma greve de fome de trabalhadores que exigem que a concessão do serviço de distribuição de gás natural seja retirada da empresa, detentora desde 2004.
Enquanto a empresa alega que sua atividade de distribuição de gás no Uruguai é deficitária, os trabalhadores denunciam que os cortes de empregos colocam em risco o abastecimento. A empresa afirma que acumula 116 milhões de dólares em perdas, em 15 anos de operação no Uruguai.
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Uruguai. Greve em defesa do emprego, ruas desertas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU